Podia se esperar tudo, menos a ausência dos Titãs. Boatos vão, boatos vem, ninguém sabe o que realmente aconteceu, e talvez nunca saibamos. É fato: sem Titãs a animação mudou pra todo mundo. Até eu pensei em não ir mais (seria a segunda vez que eu não iria pra um dia de FIB nos 5 anos de evento, a primeira vez foi no dia de Charlie Brown Jr., na terceira edição, eu acho).
Mas, resolvemos ir. Não tínhamos nada a perder além da noite de sono e doisrreal de inflamação na garganta.
Achamos que iríamos encontrar ingresso de 10, 5 reais. Mas não. Hélio comprou o dele de 20, “na promoção” ainda. Tinha mais cambista do que gente querendo entrar, o que já me deixou preocupada porque comecei a prever que iria ser a pior noite de todos os tempos.
A entrada estava esculhambada ontem: a revista era a base do sorteio, o pessoal que trabalhava nos portões estavam perdidos, confusos e eu pensei: “essa porra não vai dar certo”.
Pra quem reclamou do frio, TOMA! Acho que nunca senti nada congelante daquele jeito na minha vida (exceto uma vez que voltamos a pé do lendário Agosto de Rock).
Ontem eu não apareci na tenda. Não soube de nada que me atraísse ate lá.
Chegamos nas duas últimas músicas da Formidável Família Musical. De longe, achei um saco, mas é uma opinião beeem superficial, já que não consegui ver quase nada.
D2 entrou no palco e o som não parou um minuto. Minhas expectativas foram superadas: o show não chegou nem perto de ser irritante (e eu não estava bêbada), a set list era tudo que eu esperava, ótimos momentos relembrado o Planet Hemp, interação com o público foi sensacional. Vi gente reclamando que as músicas pareciam todas iguais e que era a maioria playback. Discordo com as duas opiniões. D2 brinca com vários ritmos, coloca ginga nas canções... além disso, valorizar o DJ, abusar do sampler, do scratch, não é fazer playback. E o cara cantou muito. Destaque para a performance solo de Fernandinho Beat Box que foi looonga, mas muito divertida, incluindo a brincadeira com a Seven Nation Army, do White Stripes. A recepção do público foi calorosa, a arena encheu, mas foi inevitável pensar como seria muito melhor se tivesse Titãs. Enfim, nota 10 pro show do D2.
Aí entra Carlinhos Brown, e com ele a grande tensão: “o que vai vir agora?” Eu ainda não entendi qual ideia de trazer Carilnhos Brown. Com certeza transcede o fato de ser mais uma atração a ser chamada para o FIB, penso que existem interesses comerciais com a Rede Bahia por trás de tudo isso. Isso porque existem infinitas bandas de pop, pop rock, MPB no país, e qual seria a razão de trazer uma pessoa que o repertório de músicas cantadas é, em sua maioria, de axé? Aí ele começou relambrando Tribalistas (que a galera gosta), tocou a música interpretada pelos Paralamas, “Uma Brasileira” que foi um ponto alto do show e apresentou algumas músicas da banda dele, o Mar Revolto. Aí a galera “morreu”, baixo astral total, ninguém conhecia nada, interação começou a ser forçada e unilateral e se não tivesse nada pra esquentar o frio a coisa ia ficar ainda mais feia. O jeito foi pedir o axé, a carta na manga de Brown. Não adianta dizer que a produção pediu pra não tocar, todo mundo sabia que isso ia acontecer porque Brown não tem condições de sustentar um show só com MPB e Pop e manter o público preso. É dificil admitir: o show dele só começou a fazer sentido depois que mandou o povo ir pra direita e esquerda e tocou Faráo, Agua Mineral, Dalila e etc. A galera se esbaldou, até porque quem tava debaixo daquela garoa não tinha outra opção: ou ia embora ou caia na folia. Ao mesmo tempo, foi triste ver o FIB se rendendo ao axé music. Triste e desesperador, mas diante as todas circustâncias, foi o jeito. Nota 5.
Moinho até então era a banda que menos me interessava, mas as coisas mudaram. O frio apertou quando Emanuelle Araujo disse que a banda enfrentou aeroportos “sem teto” e 10 horas de ônibus pra chegar aquela hora (lá pelas 4 da manhã). Mostrou respeito e compromisso com o público, tocou com vontade e eu comecei a ver a banda com outros olhos. E as músicas, apesar de desconhecidas para mim, não eram ruins e rolava uma energia boa no palco. Pena que depois que tocou “Esnoba” todo mundo começou a ir embora, em massa. Foi triste porque a banda tinha começado a 5 músicas e teve que ver o esvaziamento nitido e rápido na arena. Não conseguimos ficar até o fim também, o cansaço bateu de vez. Para Moinho: nota 9.
Observações:
Ano que vem, a organização do evento vai ter que trabalhar muito sua imagem. Sim, o FIB já é consolidado, mas a maré de azar foi forte esse ano e a edição de 2010 vai ter que surpreender.
Ontem comemos uma massa (ao lado da Casa da Sopa) que não estava ruim, mas também eu não indico.
D2 chamou Conquista de Conquista, mas justamente o baiano Carlinhos Brown chamou conquista de Vitória umas 20 vezes, sem brincadeira. Foi a coisa mais irritante da noite, parecia até provocação. #failtotal. Até o apresentador tava falando "Vitória", vergonha total!
Eu acho, sinceramente, que a organização deveria dar uma explicação mais detalhada para o público sobre a nçao vinda dos Titãs. Poderia ter sido feita lá mesmo, com esse apresentador, uma nota, um texto de desculpas, uma justificativa. Sei lá, qualquer coisa. Achei desrespeituoso o silêncio.
Como eu me sentia com febre e com a garganta inflamada, e sem beber não dava pra encarar o frio, optei por beber a tal da Cachaça na Cana com mel e limão. Com 10 reais fiquei bem, esquentou na hora e ainda economizei. Tem que tomar um Engov antes, claro, mas como disse Luiz, com duas doses da cachaça o Festival de Inverno virou o Festival de Verão. Muito melhor do que pagar 10 reais numa dose de whisky, 5 reais numa cerveja ou numa ice. Passei todo o show do D2 com uma dose de cachaça de 5 reais. Beba com moderação e não dirija.
O pessoal gosta mesmo de Lordão, né? Tava entupido o barracão do forró ontem!
Amigos: