Mas, quem me conhece já sabe disso, parodiando o ditado, se eu estou no inferno abraço o diabo e ainda viro a melhor amiga dele.
Fui, e nos primeiros momentos no camarote do circuito Barra-Ondina, me encantei com uma “baiana” que exibia uma pele negra divina, perfeita e uma expressão facial encantadora que chegava ofuscar a roupa pomposa. Quando o Olodum passou aquelas cores, expressões e roupas se multiplicaram e no alto do trio vi outra baiana daquela, só que com uma roupa mais majestosa, com dourados brilhantes. Parecia uma deusa. E no chão, desfilavam os filhos dela de amarelo, vermelho e preto. Numa sintonia só, coisa de alma. Não era nada de coisa para gringo ver. Não era um marcha contra a discriminação racial. Era a afirmação de coração. E eu senti aquilo até as lágrimas caírem do meu rosto e pensei: “isso é cultura!”.
a baiana
No outro dia, já no Campo Grande, vi as multidões embaixo do sol escaldante, sendo arrastadas por hinos do carnaval e dançando num mesmo ritmo, os mesmos passos, como se tivessem ensaiado todos juntos. E como é bonito. “Pipoca”, bloco, arquibancada balançando os braços de um lado para o outro, sem medo de extravasar.
Nas últimas horas, num camarote mais escol, só vi turista. Com privilégios de direito de quem pagou caro por aqueles momentos de conforto. Tirando a parte dos lucros das camisas do camarote que vai para o empresário, essas pessoas consumiram na cidade, a presença delas gerou empregos, renda que com certeza ajuda na feira do mês de quem mora lá.
Não estou canonizando o carnaval. Penso também nos pontos negativos de uma festa do tamanho daquela, como exploração sexual, violência por parte de quem, inacreditavelmente, sai muito mal intencionado, erros de conduta moral e outros.
Mas, para que criticar o carnaval? Para parecer intelectualmente superior? Para provar que não pertence à mesma ala do povão? Se não gosta da música, do barulho, da muvuca, fica em casa, tudo bem, mas admita que o carnaval é um espetáculo em tanto aqui na Bahia, em Recife, no Rio, em São Paulo ou em qualquer lugar do país. Não mudei alguns conceitos, mas a partir de agora vou revê-los e não mais negar que o carnaval é sim a expressão mais singular e ao mesmo tempo múltipla da nossa cultura.
Mais tarde um pouco, em cima do trio pude ver o rosto de poucos milhares que se embolavam na “pipoca”. Rostos felizes, diversão pura guardada o ano toda e em constante explosão enquanto o trio passava. Uma animação anual para ofuscar a desilusão de salários baixos, de um país sofrido com tanta desigualdade.
Sair acompanhando o trio elétrico, então, é uma sensação única. Correr atrás da música que carrega a mensagem do momento: alegria. Sentir o calor humano, o suor exorcizando os males.
No outro dia, já no Campo Grande, vi as multidões embaixo do sol escaldante, sendo arrastadas por hinos do carnaval e dançando num mesmo ritmo, os mesmos passos, como se tivessem ensaiado todos juntos. E como é bonito. “Pipoca”, bloco, arquibancada balançando os braços de um lado para o outro, sem medo de extravasar.
Ainda na mesma tarde, num break dos blocos, me dei por conta do diversidade de "funções" do carnaval. Passaram vários mini-blocos independentes com placas de protesto, incentivo, que mais parecia uma carreata política anarquista (se é que isso é possível). Foi nessa hora, que com a presença do prefeito e do governador, até então apreciando a imagem do topo de seus respectivos camarotes, desceram para o meio da bagunça e fizeram suas firulas políticas. Mas o povo levou sua mensagem, fez sua parte, e mesmo que esqueçam ou façam pouco caso, os governantes viram.
Placas, cartazes na mão de quem tirou o carnaval para protestar o que ta ruimNas últimas horas, num camarote mais escol, só vi turista. Com privilégios de direito de quem pagou caro por aqueles momentos de conforto. Tirando a parte dos lucros das camisas do camarote que vai para o empresário, essas pessoas consumiram na cidade, a presença delas gerou empregos, renda que com certeza ajuda na feira do mês de quem mora lá.
Não estou canonizando o carnaval. Penso também nos pontos negativos de uma festa do tamanho daquela, como exploração sexual, violência por parte de quem, inacreditavelmente, sai muito mal intencionado, erros de conduta moral e outros.
Mas, para que criticar o carnaval? Para parecer intelectualmente superior? Para provar que não pertence à mesma ala do povão? Se não gosta da música, do barulho, da muvuca, fica em casa, tudo bem, mas admita que o carnaval é um espetáculo em tanto aqui na Bahia, em Recife, no Rio, em São Paulo ou em qualquer lugar do país. Não mudei alguns conceitos, mas a partir de agora vou revê-los e não mais negar que o carnaval é sim a expressão mais singular e ao mesmo tempo múltipla da nossa cultura.
3 comentários:
Mi,ia falar sobre a coincidência de termos escrito sobre a importância do carnaval da Bahia,mesmo n gostando dele.Mas como carnaval era pauta quase obrigatória essa semana,diminui o valor da coincidência.No jornal do dia 17 tb falei sobre a grandiosidade da festa: "(...)Em Salvador, desde quinta-feira, dia da abertura oficial da festa, os blocos estão na rua e a folia está armada. Durante uma semana, a capital baiana se enche de luz, cor e som, muito som, mantido pelos trios elétricos. A invenção de Dodô e Osmar é aperfeiçoada a cada ano com o intuito de levar ainda mais som para cerca de dois milhões de foliões. A singela "fubica" ganha maior potência e uma estrutura cada vez mais colossal para dar ainda mais frenesi à maior festa popular a céu aberto do mundo. No mês de fevereiro a Bahia vira, realmente, o Estado da alegria, "de todos os santos, encantos e axé. Sagrado e profano, o baiano é carnaval", como cantou Moraes Moreira em "Chame Gente".
Admiradora da folia, mas não muito adepta a toda essa agitação, acompanho de longe as notícias dessa verdadeira indústria cultural que gera mais de 200 mil empregos temporários, contrata algo em torno de 85 mil "cordeiros" e ainda conta com cerca de 25 mil ambulantes espalhados pelos 26km de ruas e avenidas da cidade.(...)".
"bororos" e "só as cabecinhas" a parte... a festa é realmente incrível!
Bjossss.... saudade de vc!
Eu continuo sabendo quais as coisas ruins da vida, apenas pra variar tentei listar as q eu acho boa... mas nao tem paixao que me faça achar tudo "leeeennndo"...rs e curtir carnaval...hum...acho q nao tem como tb nao... agora que é bom a pessoa experimentar de tudo, isso é...até drogas. Acredite, já tive a chance de ir ao Carnaval de Salvador. Realmente a expressão inferno , pra mim, traduz bem o que é aquilo tudo , principalmente se a gente tem q ficar no meio da "pipoca"...arghhh!!! q nojo!!! ui... huahuahuahau....
sim, vamos bb uma ae....moss... niver de Jack, temos q bbmorar esse FDS.
Só tenho uma coisa a dizer sobre nosso carnaval (além da maravilha da companhia, claro)...
"Quebra aê, quebra aê, olha o asa aê!!"
Lavagem cerebral igual a essa eu nunca vi.
Postar um comentário