domingo, setembro 30, 2007

previously on

Eu iria começar o texto sobre a minha felicidade em ter de volta as séries norte americanas que tiraram umas férias desesperadamente longas. Meus “enlatados de USA” preferidos estão de volta! E iria escrever também sobre como, através da influência de um viciado de verdade, conheci todas as séries de TV que acompanho.

No entanto explorando minhas memórias primitivas cheguei na minha solitária fantástica infância da qual hoje guardo com carinho lembranças dos dias trancada no apartamento me abastecendo de tigelas e tigelas de alface (sim, trocava qualquer quantidade de pipoca por um prato de alface) assistindo fisurada, religiosamente, todas as tardes na Manchete, Jaspion!Eu só perdia um capítulo do Jaspion quando tinha que sair com minha avó. Foi meu primeiro vício em série (se é que Jaspion é considerada como série) que eu lembro. Gostava também de Changeman, mas não se comparava. “Correndo a Via Lactea em seu Gigante Daileon Jaspion outra vez contra o temível Satan Goss”, você lembra dessa música do Trem da Alergria?
Mais tarde (não sei quanto) eu tinha a Punk, a levada da breca, que está voltando agora com legendas na internet. Punk passava antes de Chaves. E Chaves, sure, sure!

Na adolescência tinha Barrados no Baile e Melrose Place.

Mas nunca tive muuto interesse na verdade por séries, até dois anos atrás com Lost.


Hoje... bem hoje, acompanhando tem, voltado das férias: Heroes, Ugly Betty, The Office e Greys Anatomy. Lost só volta o ano que vem. Começamos Californication. Pausamos um pouco Desparate Housewives, 4400, Nip Tuck Talvez continue com House, mas A sete Palmos acho que não, muito sórdido, apesar de adorar o humor negro. Vi tudo de Sex and the City e Alias (!).
Tudo muito legal, tudo bobaginha, free fun.... american way of TV. Não há mal nisso. Eu adoro. E apesar de ser fã número um do cinema brasileiro não tenho paciência para as mini-séries nacionais.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Devaneios

Monges fazendo manifestação nas ruas. Estranho de ver.

Lula já poderia ter feito um cursinho intensivo de inglês.

Se fossem fabricar uma Barbie brasileira teria o corpo da Camila Pitanga. Com mais peitos e com as mesmas celulites.

terça-feira, setembro 25, 2007

A gente não quer só comida, a gente quer orkut, google e msn.

O que eu gosto de fazer quando acordo cedo (quaaando) e dá tempo de fazer algo mais que tomar um banho de gato e colocar qualquer roupa é ligar a TV e conferir as notícias matinais ou ouvir aqueles programas super legais das primeiras horas do dia.
Na TVE Brasil tem o Mobilização Brasil, uma parceria com o Banco do Brasil. O programa conta exemplos no país inteiro de comunidades que se juntaram e conseguiram resolver problemas sociais através, claro, na maioria das vezes, de ações comunitárias do Banco.
O papo de hoje foi inclusão digital. O BB tem o Programa Estação Digital que pretende combater a exclusão social com a inclusão digital, com a implantação de estações com computadores com internet e aulas de informática. Um trabalho voltado para as cidades do interior e para periferia das grandes capitais.
Entre as histórias dos confins do Ceará e do Paraná e as entrevistas com uma coordenadora do Projeto e um responsável pela Fundação do Banco, eis que sai da boca desse último a frase mais óbvia e contraditoriamente chocante de toda minha manhã (!): “As pessoas de baixa renda têm que ter acesso à internet para facilitar a solução dos seus problemas”.
Na minha cabeça ficou “internet... solução de problemas...internet...solução de problemas”.
Bom, a inclusão digital é de fato muito importante e quase uma necessidade vital, isso nem se discute. Até porque hoje para arrumar um emprego (que não seja braçal) tem que conhecer no mínimo o Word. Mas eu ainda fiquei pensando nos pobres resolvendo seus problemas através da internet, enfim...

Estava muito cedo para uma meditação tão profunda, para pensar na sociedade. E voltei “a solução dos problemas” para o meu umbigo, pensei em mim. A internet resolve boa parte dos meus problemas (e do seu também, provavelmente)!
Para comprar, para pesquisar sobre doenças, tendências da moda, correntes filosóficas, previsão do tempo, para comunicar, bater-papo, saber da vida dos outros, ver resultados de exames, significado das palavras, tradutores, ler, ler, ler, ler notícias, crônicas, dissertações, opiniões, piadas, críticas, ver, ver, ver, ver séries, filmes, peças publicitárias, fotos, vídeos caseiros, ouvir, ouvir, ouvir, ouvir, músicas, jingles antigos, voz de quem ta longe...
E mais, se não fosse a internet estaria escrevendo no meu diário agora. Diário de papel, que coisa mais primitiva...



No Mobilização Brasil fiquei sabendo também que a próxima cidade a ser implantado o Estação Digital é Vitória da Conquista.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Verdão (literalmente) e ô!

Palmeirense adora ver seu time ganhando do Timinho.
Mas que unforme verde- cana é aquele, hein?
Super Verdão!

Seguindo as tendências da Coleção Verão 2008...

quarta-feira, setembro 19, 2007

Democracia Caô

Sabe de quem é a culpa de tanta bagunça na política brasileira na minha modesta opinião?
A democracia.
A democracia que nunca existiu, na verdade, de fato.
Mas existe nos discursos, nas justificativas, nas desculpas esparradas, no papel.
Quero um exemplo de democracia prática.
Poder votar em quem quiser?
Huuumm, só isso? É votar em quem quiser mesmo?
Nas últimas eleições o que mais escutei foi: “vou votar em fulano porque fulano é o menos pior”. Isso é democracia?
É poder usar roupa vermelha sem ser chamado de subversivo?
É escutar livremente Chico e Caetano?
É comemorar o fato de um místico caçado pela Ditadura, como o Paulo Coelho, ser hoje um dos escritores brasileiros mais conceituados fora do país?
É deixar que existam eguinhas pocotós, robertos jeffersons, danças da bundinha e collors se reelegendo?


A democracia é um disfarce. "Vocês me escolheram, estou representando os interesses do povo"

"Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, direta ou indiretamente, por meio de eleitos representantes”

Veja bem, por “meio” não somos nós exatamente. E os “meios” influenciam no fim da forma que bem convêm. "Os fins justificam os meios"? Não sei. Mas acho que os fins ruíns espelham um péssimo trabalho realizado pelos meios.

No entanto, eu não entendo quase nada de política, sou uma semi-analfabeta e tento, como um velho de bengalas tenta subir uma ladeira ou como um cego no tiroteio, acompanhar o que acontece. Sei o que parece certo e errado, para o coletivo. Ou seja, represento aí, numa estimativa hipotética, 70% da população. Muitas pessoas que escolhem “seus meios” para justificarem bem “seus fins” sem saberem bem quais os critérios de escolha, sem saberem onde estão amarrando seus jegues.

Eu quero entender o que é democracia num país como o Brasil.
Alguém pode me explicar de uma maneira que um caseiro de Caculé entenderia?

Vou dizer o que meu país amado (sem ironias, porque eu amo mesmo) parece para mim: um bordel. Bordel choca? Não? Puteiro é melhor?
Lula é nosso Jader, nossa Mama, nossa Pilar Ternera.

Ofendo os bordéis? Afinal são locais de trabalho também e alguns até dignos, dizem.

Então qual o nome que se dá ao lugar onde todo mundo que tem dinheiro e poder pode fazer tudo que quiser? Ah sim, Brasil mesmo né?

Brasil: país onde a anarquia é o sistema do Senado. Anarquia não dá, não. Anarquia prega a ausência da preocupação com dinheiro. Estão vendo? Não sei de nada porque não consigo entender.

Marx, Marx.... suas teorias também não se encaixam nem como algo viavelmente idealizador. O socialismo está para o ser humano assim como o SUS está para os pobres: bonito mas irrealizável. Não é de nosso feitio, desde os primórdios, se contentar em ter o tamanho de pedaço de pão igual ao tamanho do pedaço de pão do vizinho.

Renan Calheiros foi absolvido e tudo de repente pareceu uma historia de ficção inventada pela imprensa. Mas eu não entendi direito o que realmente aconteceu, assim como aquele caseiro lá de Caculé. Mas o Presidente disse que a gente deve aprender a acatar as decisões do Senado, nossos meios.

Vamos acatar ou pegar em armas e partir para uma Guerra Civil?
Difícil, muito difícil...

Como diria Bezerra da Silva: "malandro é malandro e mané é mané".



Enquanto isso no Tabelionato de Notas....

Eu acho que não existe nenhuma instituição nesse mundo com eficiência maior de juntar tantas pessoas de vários tipos no mesmo metro quadrado do que o Fórum, mais exatamente a fila do 1º Ofício do Tabelionato de Notas. Afinal, autenticar documentos, por exemplo, todo mundo precisa um dia. Basta esse dia chegar.
O primeiro de onde minha vista alcançava (sim, qualquer órgão que preza o nome de órgão público não pode faltar uma “filinha” básica) era, com todas as letras, um representante da espécie que eu mais estranho ultimamente, um EMO junkie com seu cabelo na cara, uma blusa listrada, all-star vermelho (ahhh saudade da época em que all-star era coisa de gente com personalidade) e claro, lendo um livro com capa de livro clássico e um chapéu de Che Guevara. Um chapéu de Che Guevara num EMO! Eu hein! EMO combina com Che Guevara? Mas eu não gosto também do Che. Não por ele, mas pelo símbolo que ele representa (traumas da ala “esquerdista” da universidade). Não tem que combinar né? Eu mesma prego isso, que pessoa mais contraditória....
Sim, atrás do emo (diminuí para as minúsculas) tinha um senhor baixinho, moreno (quando você lê só moreno, você imagina como? “moreno”é tão genérico...), calça social azul, blusa de botão branca, um bigodinho de Sargento Pincel. Era aparentemente um contador. O que leva uma pessoa em sã consciência se tornar um contador? “Vou passar minha vida preparando folhas de contra-cheque, que delicia!” Eu hein 2.
Depois um office-boy, com certeza! Cara de pressa só para ter cara de pressa porque na verdade ele está adorando aquela fila: vai adiar os pagamentos, a coleta de assinaturas, outras filas, toda aquela papelada na mão tudo para amanhã.
Uma adolescente acompanhada da mãe e uma evangélica (evangelismo deveria ser profissão) e eu.
Será que alguém lá atrás está me analisando? Tipo, se for mulher: olha aquela menina ali de cabelo cacheado, com nariz tão empinado e com macacão de trinta reais da promoção de 70% da Marisa. Ser for homem: “hummm how you doing?”.
Até que um rapaz que tinha saído da fila enquanto eu a observava voltou e disse: “um absurdo! Uma cidade com 300 mil habitantes e só um Tabelionato para autenticar documento!” E eu pensei: “é mesmo, mas pensar sobre isso é muito chato. A evangélica desistiu”.

terça-feira, setembro 18, 2007

"Faça do bom senso a nova ordem"

Já passou da hora né? O programa foi sexta-feira e eu apareço na terça para fazer meus comentários (críticos, claro, para não perder o hábito). O que me faz não desistir desse post retardado (no sentido de atraso!) são os elogios feitos por esse orkut abençoado ao Especial “Por toda minha vida” sobre Renato Russo . Já sei que gosto cada um tem o seu e nem todo mundo precisa gostar da mesma coisa (blá, blá, blá), mas eu achei de extremo mal gosto gostar de um “especial” assombrosamente ridículo e também de extremo mal gosto fazer um “especial” assombrosamente nada a ver com o homenageado.

Antes de começar a escrever digo que a intenção só pra mim não vale. Os detalhes são importantes e têm a capacidade devastadora de estragar não só a intenção como todo o resto que tentarem fazer no mesmo sentido em idéias posteriores. Vou olhar com meus olhos de desconfiança até me provarem ao contrário, até restabelecerem novamente o bom senso.

Então, esclarecido o meu jeito cri-cri e excessivamente self de assistir televisão, começo por partes minha análise "nada nada" intelectual e pela primeira parte (ou por todo resto) você deve pensar que até um pouco superficial. Ou muito, ou ter certeza.

Fernanda Lima é chatinha. Sem ter um porque convincente, nos instantes de entrevistas fizeram uns cortes rápidos com takes no rosto dela fazendo cara de conteúdo quando falavam da realidade social no Brasil na época quem que surgiram as bandas de rock do início da década, cara de compaixão quando a mãe, a irmã, os amigos, Dado e Bonfá contavam histórias com tons trágicos e cara de diversão quando o lance era a juventude desvairada e as suas aventuras dos tempos do Aborto Elétrico. Odeio caras e bocas. Se não tem o que contribuir faça suas perguntas e vá embora ou volte para as passarelas (nada contra modelos, inclusive tenho uma quedinha pela Gisele, ô mulher interessante!).
Tinha também uns cromaquis nas passagens dela, com imagens de cartões postais de Brasília e do Rio que só não perdia no ridículo para as roupas que ela usava de acordo com a moda de cada época. Que coisa bizarra. Não a idéia, o que eu assisti.

As encenações...ahhhh as encenações!!! Que lindas! Eu tenho certeza que a produção do programa tirou aquele povo de associações filantrópicas dos piores atores da TV brasileira. Embora eu não concorde que um Especial sobre a vida de alguém precise necessariamente de encenações, eu entendo que como foi produzido por um canal de TV acredita-se que para dar mais drama (mais!) à história de Renato e da Legião seja preciso colocar pessoas para reconstituir as vidas. O resultado foi uma mistura de Linha Direta com novela mexicana. Adicionaram uma babaquice incompreensível ao jovem Renato, uma melancolia teatral tão tosca que o drama virou comédia. Sorte que minha paixão pela Legião transcende todas as coisas.

O conteúdo (talvez isso justifique as caras de Fernanda Lima) dos entrevistados foi bem interessante. Assim com uns efeitos em computação gráfica como se fossem historinhas fazendo link com as músicas. Acho até que esse efeito poderia ter aparecido mais ou até tomar a parte humanamente (ou humanisticamente?) dramatizada.


Queria poder ter prestado menos atenção nas besteiras para apreciar (ou não apreciar) a história de uma maneira geral e sentir aquilo verdadeiramente como uma homenagem. Mas não deu.

Deixo aqui um recado (como se alguém fosse ler) do próprio Renato: “Faça do bom senso a nova ordem”.

segunda-feira, setembro 17, 2007


Ontem fez um ano que sou jornalista!

Um ano de um dos dias mais felizes que eu já tive!


Muito, muito bom!
Na foto: minha grande e fiel platéia de amigos. Ao fundo, Hélio, minha mãe e minha avó e eu "descendo até o chão" no dis 16 de setembro de 2006.

quinta-feira, setembro 13, 2007

O dedo na porta.

A saudade é a pior dor que existe.

A saudade é aquela dor de quando se prende o dedo na porta. Surge de repente, de surpresa. Você grita, chora, implora pra que passe logo. Os minutos não passam, se arrastam enquanto você segura uma mão com a outra na intenção de aliviar a dor. Mas agora, na esperança de ancorar um bálsamo na crença de que aquela dor seja só um deslize emocional, o dedo fica permanentemente roxo, um roxo tão imutável, um roxo que vai trazer à memória a aflição das lembranças emergentes, o susto e o barulho do dedo na porta. A dor que era arrematadora, cimenta no coração com uma comodidade como se fizesse realmente parte do seu corpo, como um órgão moribundo sem moradia.

O que é pior? A porta sempre vai estar lá.

Só muito gelo para curar a dor da saudade.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Sol, câmera, já!



Eu tenho sérios problemas em me impor em muitas situações do trabalho. Parece que eu me comporto, em certas situações, ainda como estagiária. E é difícil as vezes entender que sou uma profissional. Apesar de realizar minhas funções com muita seriedade eu estou sempre querendo carregar os cabos, pular com as crianças em que eu devia dar bronca por estar atrasando meu trabalho, não me constranger em pedir pra voltar e fazer tudo de novo, faço piadas e vou perdendo o respeito até que eu vejo que perdi todo respeito. Dirigir comercial é assim, complicado. Apesar de ser produções pequenas, eu tenho que manter a simpatia, mas tenho que me mostrar durona, prestar atenção em tudo, na grama, no céu, no fundo, no lado mais fotográfico de cada figurante, na calcinha aparecendo, no cinegrafista, na sombra, nos minutos filmados, fazer todo mundo ficar na mesma posição sempre e ainda ser criativa para fazer diferente sem ficar um comercial papagaiado. Para dar conta de tudo isso eu não posso mais me comportar como se eu tivesse ali só pra ajudar. São coisas que eu só vou aprender depois de muito fazer. E eu sonhando em trabalhar com cinema.... eu chego lá, nem que seja como estagiária, nos primeiros filmes.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Saneamento Básico, o filme - longe da fossa.



Existem duas grandes vantagens em se ver um filme sem saber bulufas do que se trata a história: você pode se surpreender muito e se o filme for demasiado ruim você não desperdiçou seu precioso tempo com expectativas positivas.


Assim foi com “Saneamento Básico, o filme”. Quando cheguei no cinema a única coisa que eu sabia, surpreendentemente, era só isso,o nome e que era um filme nacional. Foi no momento em que vi o cartaz e minhas esperanças foram diminuindo de acordo em que meu pré-conceito ia aumentando: atores globais, dois em novela das oito, mesmo elenco de sempre (apesar de ser um elenco respeitável, eu criei um certo asco depois da decepcionante experiência com Ó pai ó (comparações serão, no decorrer deste texto, inevitáveis)). Depois de acomodada na poltrona vejo “Globo Filmes apresenta” e por bem o filme começou logo antes que eu começasse a colocar na cabeça que o que eu iria assistir ali seria mais um capítulo de um novela. Realmente não precisou de muito tempo pra eu ver que quase me engano. Logo nos primeiros minutos percebi a ausência das caras e bocas, dos esteriótipos, dos exageros, dos ângulos de televisão e relaxei aliviada. No entanto, relaxar em um filme como Saneamento Básico não é um verbo muito apropriado pois foram poucos os minutos em que eu consegui parar de chorar...de rir.


Voltando um pouco no que deveria estar no início deste texto, Saneamento Básico conta a história de uma comunidade de um município muito pequeno do interior do Rio Grande do Sul que luta para conseguir com que a Prefeitura atenda, enfim, os pedidos já fatigados para uma construção de uma fossa. Dois representantes (Marina e Joaquim, interpretados por Fernanda Torres e Wagner Moura) dos moradores da pequena Linha Cristal, que já possuem um projeto orçado para saneamento básico da vila, vão até a sub-prefeitura e deparam com o fato chocante ( para eles, obviamente): a prefeitura não dispõe de verba para as obras de saneamento mas dispõe de R$ 10 mil para a realização de um vídeo de ficção que se não for utilizado será devolvido para o Governo Federal. Como o dinheiro não pode ser devolvido de jeito nenhum.... Marina e Joaquim resolvem assumir o compromisso de realizar o filme sobre a própria obra e com isso pegar o dinheiro para construir a fossa. Entretanto, eles só podem retirar o dinheiro depois que apresentarem um roteiro e um projeto de vídeo de dez minutos. Loucura mesmo é quando eles descobrem o que é “de verdade” um filme de ficção e colocam um monstro para ser a estrela do curta. A história é essa, resumidamente, o que garante as boas risadas são os diálogos inteligentemente engraçados de uma simplicidade e inocência sem igual acompanhado das interpretações super naturais de todos os atores. Só por isso o filme já valia, pelo sentimento de satisfação de estar com a atenção presa em cada minuto, mas ainda tem a poesia do filme, a contextualizante trilha sonora, a crítica social que não quebra o bom-humor e dá conta do recado.


Agora vem minha inevitável comparação com Ó pai ó. Eu sou consciente de que cada forma de filme compreende uma intenção diferente, mas eu nunca, nunca sou fã de apelos e defendendo a opinião de que para ser uma boa comédia isso não precisa quase que necessariamente acontecer como foi com Ó pai ó, e a prova disso é Saneamento Básico. Em Ó pai ó O o baiano em é tão figurinha, a Bahia é tão “pintada”, a comédia é tão forçada que eu achei até morava em outro Estado que não aquele que estava vendo no cinema. E é exatamente isso, não é como é (como pretendeu ser, ao meu ver), mas como é visto de fora, o que oferece uma carga de artificialismo que só poderia piorar com o final que teve, uma tragédia sem eira nem beira para provar sei lá o que do carnaval e de toda aquela miséria e alegria que foi cultuada durante todo o filme. Um filme que não me serviu nem de diversão. (Veja meu comentário sobre Ó pai ó, que acabei de descobrir que comecei da mesma forma que esse, falando de expectativas: http://midocarmo.blogspot.com/2007_04_01_archive.html).

Foi quando fiquei sabendo que Jorge Furtado, o diretor de Saneamento Básico, é de lá do Sul e tirei um conclusão, com a ajuda da minha fonte reveladora, de que só mesmo sendo da terra para captar sutilmente cada detalhe de seu povo, de sua paisagem sem maiores apelos. Um exemplo de filme assim, no quesito comédia, aqui no nordeste é Narradores de Javé.

É uma pena que se você já leu esse texto (ou qualquer outro comentário) e ainda vai assistir ao filme não tenha mais aquela expectativa virgem de poder se surpreender, mas ainda assim garanto que você não vai se arrepender de ir ao cinema assistir Saneamento Básico. Há muito tempo não me divertia tanto com um filme brasileiro, é realmente muito legal.

terça-feira, setembro 04, 2007

Muito trabalho pra uma semana só.