sexta-feira, junho 29, 2007

Homens imbecis

Por que os homens fazem questão de abrir a boca para mexer com as mulheres na rua?
É a coisa mais ridícula que um ser masculino pode fazer e ele acha totalmente normal!
Eu tenho total nojo e ao contrário do que muita gente diz ganhar um “elogio” no meio da rua não eleva o ego de uma mulher (não o meu!). Eu não preciso que nenhum desconhecido na rua me diga se eu estou bonita ou gostosa! Quando estou realmente, as pessoas certas já fazem isso pra mim!
Eu escuto cada coisa... algumas dá vontade de rir, outra de chorar e outras de voltar e lascar um soco na cara do maldito. E são tão sem criatividade! Pior quando tentam inovar. Ô desgosto!
“Nossaaa, que belezura hein!”, “Gostosa!”, “Vai ser bonita assim lá em casa!”, “Olha que bonequinha”, “Delícia”, “Que morena!”, “Meu Deus, que olhos!”, “Com essa eu casava!”...
E tem os piores, dos mais tarados: “Eita, essa morena na minha cama”, “Mas deve ser gostosa na cama”, “Arranco essa saia em dois minutos”, “Vou chupar seu corpo todo”, “Vou meter a mão nessa b*”...
Mas o pior de tudo é quando realmente passam a mão! (é nessas horas que da vontade de chorar) e eu não posso fazer absolutamente nada, a não ser empurrar o cara e xinga-lo o dia inteiro, ele e todas as gerações da família do infeliz. E isso já aconteceu mais de duas vezes, em plena luz do dia, sem pudor nenhum! Um desrespeito.
Ah! Tem também os mais desaforados. Como eu nem olho pra cara da figura, logo depois das palavras obscenas e de mau gosto tenho que ouvir: “Que pena que é metida”, “Mas é exibida demais!” (!), “Mas se acha”, “Mas vai acabar sozinha com esse nariz empinado”, "Pena que é tão mal eduacada!", "Agradece pelo menos!"...
Umas duas vezes eu tive a felicidade de virar e dar dedo. Uma vez chamei de idiota. Morri de medo, claro. Vai que o cara volta e arruma briga. Eu não vou brigar com marmanjo no meio da rua! E se já são velhos... Velhos tarados!
Mas não há muito que ser feito. É ignorar e fingir que nada aconteceu.
Homens imbecis, engulam suas palavras e engasguem com elas!





Quero fazer um estudo antropológico sobre isso.

quarta-feira, junho 27, 2007

Alegria, alegria

E de novo eu saio atrasada de casa. Me culpando, reclamando com minha própria irresponsabilidade. Do meu apartamento não dá pra ver o tempo como está la fora, então posso levar um susto quando penso que está calor e quando abro a porta do prédio...pimba! Tá um frio de lascar! Não foi isso que aconteceu hoje, mas não deixei de me surpreender com a garoa fria que caia no meu rosto como uma navalha, o dia gris pior do que os amores da música do Djavan.
Já fiquei pensando: essa garoa é péssima para essa tosse Highlander que me persegue. Definitivamente meu dia estava começando com o pé esquerdo.
Para tornar as coisas mais dramáticas, só faltava um carro passar e jogar água na minha camisa branquinha (o que parece ser regra para os dias ruins ficarem piores), era esse desastre que eu temia.

Na esperança de tornar aqueles primeiros momentos da manhã mais agradáveis liguei o rádio do celular enquanto caminhava para o ponto de ônibus. Tava tocando: “estou em milhares de cacos, eu estou ao meio. Onde será que você está agora?....” Adriana Calcanhoto em uma das suas interpretações mais deprês. Coincidência, porque ontem eu tava pensando em fazer uma lista das músicas indicadas para anteceder um suicídio e “Metade” liderava essa lista.
A sorte foi que antes que eu começasse a chorar “Metade” chegou ao fim. Eu esperava por outro “membro” da minha lista enquanto a vinheta da rádio tocava (“Rádio noveeeenta e seis”). E começa: “Tam, tam, tam... Tam, tam, tam... Tam! Caminhando contra o vento, sem lenço sem documento...”. “Alegria, alegria” pra contrariar tudo! Nesse momento eu já tava chegando no ponto de ônibus e quando Caetano cantou “no sol de quase dezembro, eu vou...” pensei: esse cara ta de brincadeira com minha cara. Sol, dezembro? Então preferi que, ao invés de ficar com inveja da alegria dele, era melhor eu trazer essa alegria para dentro de mim.

E assim foi.“Em caras de presidentes, em grandes beijos de amor, em dentes, pernas, bandeiras, bomba e Brigitte Bardot”, e lá estava eu, com outro astral, balançando o corpo a caminha do ônibus que parecia só estar me esperando, erguendo o rosto para a garoa como que “venha que você não me corta mais, leve essa irritação embora”.

“O sol nas bancas de revista, me enche de alegria e preguiça, quem lê tanta notícia”, coincidiu de eu estar passando em frente a uma banca de revista! Comecei a rir, numa alegria incontrolável que destoava de todos os outros rostos que me olhavam. (Será que todo mundo acordou com aquele pé esquerdo?). “Eu vou, por entre fotos e nomes, os olhos cheios de cores, o peito cheio de amoooooores vããããosss”, eu já estava cantando, errando a letra, trocando as seqüências, mas com os olhos cheios de cores embaixo do óculos escuro.

Quando acabou a música eu já tava no ônibus cheio, com as caras mau-humoradas que esbarravam na película invisível do bem-estar que envolvia meu corpo, minha alma. “Colocaram essa música pra mim! Sabiam que eu precisava dela!” dividia meu pensamento com a canção que estou cantarolando até agora. Claro que não, é totalmente improvável isso, mas e daí? Eu já estava totalmente “perdida em música”. Esse dia de agora, com certeza, não é mais aquele em que acordei com o pé esquerdo. "Por que não?"

terça-feira, junho 26, 2007

Votos contra? A favor? Abstenções?


Eu sempre saio atrasada para trabalhar. Não importa o quão cedo eu acorde. Sempre saio correndo. Tenho uma vantagem nessa minha displicência (ou seria desvantagem?): enquanto me arrumo, ligo a TV e posso ouvir as bobagens que saem da boca da Ana Maria Braga.
A de hoje foi a seguinte: ela falava do caso dos meninos de classe média alta que espancaram uma doméstica, e do outro caso recente em que, também pelas mãos de “filhinhos de papai”, um outro garoto foi morto. Relembrou o caso do “menino João Hélio” e tantos outros que “entristecem a população”.
O que vêm acontecendo, fala Ana Maria acertadamente, é uma banalização da violência, e seguiu o papo por aí. Na conclusão ela faz um apelo para....a imprensa! Ela pede que os meios de comunicação se atentem para essa classe média/alta e o que vem se sucedendo com ela. Mais uma vez a imprensa, com o jornalismo como seu maior correspondente, aparece como salvador da pátria. Ana Maria esqueceu que existem outros três poderes antes do apelidado Quarto Poder ? E a instituição família?
Vamos deixar bem claro, Ana Maria, a imprensa, os meios de comunicação, o jornalismo têm a função de ser mediadores das ações sociais e pode até tomar iniciativas, dar um empurrão para que as coisas aconteçam, mas não dá pra responsabilizar e jogar nas costas desses profissionais toda a responsabilidade. O governo e a família devem estar muito mais atentos à juventude.
Não tiro a obrigação da imprensa em ajudar a educar, esclarecer e estar presente na formação dos jovens, mas ficou muito fácil, e virou moda, culpa-la por tudo.
Depois reclamam que o comunicólogo, em especial o jornalista, se acha o dono da verdade.
Estamos vivendo em um mundo onde Clark Kent é o presidente do sindicato dos jornalistas? Se for, me avisem porque eu tenho que ir ali salvar uma pessoa de um incêndio.

segunda-feira, junho 25, 2007

Girlfriend in a coma

Zeca Camargo (em De a-ha a U2) colocou “Girlfriend in a coma” no topo das cinco músicas “mais, mais” do The Smiths. Como eu faço com todas as músicas que conheço, ao ler o título dela comecei a cantolar o refrão grudento sem parar durante o resto da noite: “Girlfriend in a coma, I know, I Know, its serious”.

Acontece que surpreendentemente a música te faz regressar aos tempos em que essa mesma música fazia parte do seu melhor ou pior momento, ou simplesmente te faz sentir tudo aquilo daqueles dias que você viveu e por sorte teve uma música que marcou aquilo tudo e no presente te proporciona instantes dignos de uma nostalgia sem fim.

“Girlfriend in a coma” me colocou de novo dentro daquele Fiesta azul marinho, de volta a 1997. Macinho era o nome do meu “ficantizinho” na época (ficante no diminutivo porque embora nosso affair tenha sido intenso, não me lembro de ter durado muito). Ele era primo de uma das minhas melhores amigas e tinha 19 anos e eu 14.
Numa dessas tardes em que passei na casa dessa amiga ele se ofereceu para me levar em casa. Aceitei, até porque eu era doida varrida por ele e, mesmo sabendo que eu era um passatempo para ele que tinha mil meninas mais velhas oferecendo as coisas que eu ainda não oferecia, me vi em uma das raras oportunidades de estarmos a sós, sem a presença da prima/amiga.

Pedi para ele parar o carro uma casa antes da minha porque minha mãe não gostava que eu andasse de carro com qualquer pessoa, embora ela já conhecesse toda família dele, eu sempre temia minha mãe.
Foi quando, naqueles minutos namorando dentro do carro, ele disse:

- Conhece essa banda?
- Já ouvi falar... (mentira!)
- É uma grande banda dos anos 80. The Smiths.
- Huuummm. Coloca ai pra gente ouvir.

E começou “Girlfriend in coma”. A faixa nem era a primeira, mas ele colocou porque era a preferida dele. Eu achei a voz daquele vocalista estranha, muito estranha. Mas naqueles tempos as coisas estranhas me fascinavam. E claro, era a música preferida DELE!

- Gostou?
- Gostei!

E tinha gostado mesmo. Sempre gostei das batidas dos anos 80 e nessa idade eu estava formando meus gostos musicais.
Pedi o CD emprestado na esperança dele esquecer para sempre que estava comigo. Mas não deu muito certo. Meses depois ele pediu de volta e nem foi buscar pessoalmente. No tempo em que fiquei com o CD, ouvi quinhentas mil vezes “Girlfriend in a coma”, indo pra escola, deitada na cama, limpando a casa (que saudade daquele discman!). Suspirava ao lembrar do meu ficantizinho, naquela paixão adolescente como se ele fosse o homem da minha vida. Claro que não era. Mas dele tirei uma coisa muito boa: meu gosto por The Smiths e minha paixão por “Girlfriend in a coma”.
Sim, Zeca Camargo, “Girlfriend in a coma” é realmente inesquecível.
...........................................................................................................................................




Falando nisso, gosto por algumas bandas é realmente em alguns casos “coisa” de influência. O meu, devo a muita gente.
Começando por Beatles. Não tinha como não ser apaixonada. Meu pai sempre disse: “The Beatles é a melhor banda que já existiu e nunca vai existir algo igual”. Passávamos a tarde toda dançando na sala, ao som dos vinis que ele guarda como se fossem jóias preciosas. E são mesmo. Meu nome é por causa da música! (e também por causa de Michelle Pfeiffer, que minha mãe achava linda).
Queen, era a melhor banda de um tio. Metallica, de outro tio. Outro tio me veio com o CD do Rappa, quando a banda nem sonhava em ter sucesso com a atual proporção. Tracy Chapman era a “negona” da minha mãe. E com os namorados comecei a conhecer mais Smashing Pumpkings, Bob Marley, Silverchair, Greenday, Garbage, Alice in Chains, Tears for Fears, Bad Religion, Ultraje, Weezer, Strokes. Uma amiga me apresentou Bush. Uma tia, Macho Chao, Gilberto Gil, Marisa Monte. Uma amiga me veio com Bryan Adams e Bon Jovi, outra com Alanis Morissete.
Enfim, são apenas poucos exemplos de bandas e cantores que fizeram e fazem parte do meu repertório de favoritas.
Não posso esquecer das que eu “descobri” “sozinha”: A-ha, Foo Fighters, Barão, Lenny Kravitz, U2, Oasis, Paralamas, Deftones, The Cranberries, REM, Red Hot, Pearl Jam, Nirvana, Massive Attack, Skank, Pato Fu, Nação Zumbi, Titãs, Cássia Eller...
Poucos mesmo, pouquíssimos exemplos de uma centena de bandas que amo de paixão e que compõem a trilha sonora da minha vida, sempre embalada de muito rock e pop.

sexta-feira, junho 22, 2007

"Eu e ela" *


É engraçado como quando você desenvolve uma conexão com uma pessoa, não importa o tempo em que você fica sem vê-la.
Meses, anos. A distância e o tempo em certos casos não causam nenhum efeito!
Nenhum! Aliás, acho que tem o poder de fazer crescer o amor, o querer bem.
Crescemos juntas. Eu e ela. Os quatro anos de idade de diferença nunca foram um problema.
Mas não crescemos juntas todos os dias. Crescemos juntas de quinze em quinze dias, de mês em mês, até de ano em ano, quando as férias nos unia como se o ano letivo nunca tivesse separado.

Testemunhamos momentos inesquecíveis em nossas vidas. Histórias que carregaremos para sempre. Somos cúmplices das melhores descobertas. Vítimas de um laço de sangue enérgico.
Sorrimos, choramos juntas.
Brincamos de boneca, andamos de bicicleta, de patins.
Acobertamos uma a outra.
Começamos a namorar juntas.
Acordávamos e dormíamos juntas, como irmãs, como parte uma da outra.

E quando a vejo, meu coração dispara de alegria. E o período de afastamento não provoca estranheza. Conversamos como no cotidiano. Nos olhamos com a mesma naturalidade e inocência de criança.

Tudo isso porque esse amor é inexplicável, ultrapassa todas as barreiras que deterioram um relacionamento.

Não tem um dia que eu não pense nela. Com saudade e admirando a sorte de tê-la na minha vida. A sorte de ter uma prima tão especial.

Feliz aniversário, Tatinha.


*"Eu e ela" não é apenas o título. É uma música do Grupo Raça que a gente cantava muito quando criança e era muito difícil acertar a letra.










quinta-feira, junho 21, 2007

Até soarem as trombetas.

A menina quando criança fez ballet. Todas as meninas queriam ser bailarinas naquela idade, mas nem todas tinham talento para tal. Em pouco tempo, a menina teve que sair do ballet, não se adaptou às sapatilhas e à delicadeza da dança. Isso porque ela era moleca demais. Gostava de andar de bicicleta no estacionamento do metrô e colecionava marcas e cicatrizes nas pernas e nos cotovelos. Nesses momentos a menina sonhava em ser esportista, de esportes radicais. Mas como ser radical quando se mora em uma cidade grande e se passa a infância trancada em um apartamento? Não dá, as horas da bicicleta eram escassas e cronometradas rigorosamente pela a avó.

Então, a opção era assistir televisão. Xuxa, Mara Maravilha e Angélica. A menina queria ser uma delas. Controle remoto como microfone e cartas de um baralho velho como as cartas dos telespectadores. Baralho para o ar. “E o vencedor é????”
Porém, a menina foi crescendo e em algum instante da sua pré-adolescência ela se apaixonou pela língua inglesa e decidiu, por conta própria, entrar em um curso de inglês para ser aeromoça, ou como dizia um tio que era piloto da aeronáutica, “comissária de bordo que é mais bonito”. Aí, pela primeira vez, ela teve apoio de todo mundo e passava horas olhando mapas, sonhando com as cidades que conheceria.

Por anos, estava certa do que queria ser quando crescer. Até que assistiu ao filme Apollo 13 e tudo mudou. O céu dos aviões era muito pouco para ela. Ela queria o espaço, as estrelas. Iria ser astronauta e era tão emocionada com a descoberta que chorava com os filmes e os olhos brilhavam com qualquer notícia cósmica. Enchei o quarto de pôsteres da via-láctea, das constelações. E até o pai dela começou a colecionar fascículos de um jornal e montou uma enciclopédia com todos os conhecimentos básicos da astronomia. Só tinha um problema: a menina não tirava boas notas em Física e o sonho foi indo por água abaixo.

Até que ela começou a dar valor ao seu gosto pelo rock. A época era a ideal: adolescente, cheia de dúvidas, de questionamentos, a música parecia perfeita para o momento da vida dela. “Vou ter minha banda de rock”. Teve muitos amigos que tinham bandas, começou a ter aulas de bateria, de violão, só vestia preto e colava o all-star preto com silvertape. Não vingou, o negócio dela era só acompanhar os ensaios mesmo e fazer participações nos showzinhos de rock na banda do namoradinho só cantando “Everything Zen” e pulando do palco em “moshes” inesquecíveis. A banda nunca existiu, e ela não desistiu do rock, mas achou mais fácil aprender a tocar berimbau.

Foi quando começou a trabalhar: aulas de inglês, guia turístico, monitora de esporte e lazer de hotel, recepcionista de eventos, secretária... Uma coisa era certa: ela sabia e gostava de se comunicar. Mas já era a hora de decidir a profissão! No terceiro ano paralelo com cursinho pré-vestibular ficou em dúvida entre estudar economia, história, geografia, letras ou publicidade e propaganda.

Até que viu entra as opções: Jornalismo, numa única universidade pública do interior da Bahia. E ela queria ficar na Bahia mesmo.
As letras J-o-r-n-a-l-i-s-m-o brilharam para ela. Havia setas coloridas, trombetas, uma sinfonia completa e fogos de artifício. E ela não entendia porque tinha tantas dúvidas se a arte da informação te acompanhou pela vida inteira, bem sutilmente. Cresceu em meio a jornais que seu pai vendia, aos ensinamentos de sua mãe sobre a importância da comunicação, vidrava os olhos no Jornal Nacional e lia incessantemente matérias em revistas diversas. Ela nunca tinha percebido como ela crescera com o jornalismo. Todo mundo sabia disso. A menina gostava de expressar opiniões, de criticar, adorava discussões de cunho social e o que mais queria era fazer do mundo um lugar melhor.

Cinco anos depois ela se tornou uma jornalista e se apaixonou perdidamente pela arte do vídeo-documentário.
Agora quer ser professora. De Jornalismo, claro. Ou uma documentarista reconhecida? Talvez os dois. Quem sabe.

quarta-feira, junho 20, 2007

Vamos para Cannery Row.

Nessa rua ainda existem valores que se perderam há muito, muito tempo em um infinito labirinto com inúmeras entradas e nenhuma saída.

Seria possível hoje uma rua dessa em algum lugar desse mundo?
Ou essa foi a última rua onde "Temos que fazer alguma coisa por ele" ainda soa com tão tamanha sinceridade que nos enche de vontade de regressar 7 décadas?

Vamos morar em Cannery Row com Mack e os rapazes, com Dora e as meninas, com o Sr. e a Sra. Malloy. Vamos comprar na mercearia de Lee Chong, contemplar as obras de Henri, aprender sobre a ciência e sobra a vida com Doc, brincar com Darling.

Não se iluda! Lá nem tudo dá certo. Ou melhor, quase nada. Mas tudo é perdoável, tudo é compreensível, quase tudo é aceitável, desde que exista a bondade, desde que exista soliedariedade, desde que se aproveite a vida como ela é. Viver a vida no paralelo.

Cannery Row existe em um livro.
Leitura é uma rua como Cannery Row.
Um refúgio possível de um mundo que não entende mais o valor de um sentimento, que banalizou a vida humana.

Vamos para Cannery Row.Vamos nos importar uns com os outros pelo menos uma vez na vida, de coração.

Leia: A rua das ilusões perdidas - John Steinbeck

segunda-feira, junho 18, 2007

Sem o lume da fogueira na noite de São João

São João tá chegando...e daí?
Eu não chego a detestar o São João, mas confesso que não me toca nem um pouco.
Acho até bonita a cultura junina, essa do nordeste, a do arrasta-pé, a da quadrilha, das bandas que realmente tocam forró com letras sertanejas, mas.... não me toca, não tem jeito.

Dançar forró não é a minha. Posso até dançar na falta de opção. Estou numa festa, não fico no canto criticando, falando mal e falando mal de todo mundo. Procuro me divertir, e se nessa festa tiver rolando aquele forrozinho decente, sem problemas! Com boas companhias e um clima agradável, topo quase tudo.
Mas veja só, não faço o que vejo muita gente fazendo: reformando o guarda-roupa para as festas, parcelando em não sei quantas vezes as camisas das festas, olhando vitrines encantadas com os novos modelos de botas, enfim... não me toca.

Como disse, posso achar bonito mas o cheiro da fumaça da fogueira me incomoda, com aquele tanto de banderola na rua eu fico tonta, e a disseminação de bandas IMPRESTÁVEIS me irrita. As Calcinhas pretas e de todas as cores, as combinações de bebidas e comidas como Mastruz com Leite, Cacau com Leite, Limão com Mel, Caviar com Rapadura e os meios de transporte: Cavalo de Pau, Aviões do Forró, Boeing do Forró.... mais que tudo, isso não me toca.

Então, nesse São João, se eu não ganhar cortesias fico em casa como se fosse um final de semana qualquer. Com as cortesias, aproveito a noite com alguma agradável companhia, batendo papo e tomando quentão, aproveitando o frio. Se tivesse feriado aproveitava para ver minha família e comer muito milho cozido, bolo de puba, amendoim, cocada, pé-de-moleque, paçoca... isso sim me toca!

sexta-feira, junho 15, 2007

Considerações sobre a edição do Jornal Hoje, de hoje.

-Realmente a violência já foi banalizada no Rio, ou melhor, no mundo inteiro.
Ninguém se abala mais, tudo é normal.
Durante a matéria que contava a operação da tropa de choque em uma faixa de entrada de uma favela, o destaque foi dado para os bandidos que exibiam para os policiais metralhadoras por trás de um muro. O muro era a barreira entre eles. Então, um furgão blindado da policia demoliu o muro. "Bandidos e a Tropa de Choque trocam vários tiros". Basicamente acabou a matéria e ninguém se atentou, ou se se atentou e achou uma coisa secundária, que em meio aos tiros, na faixa de transição entre bandidos e policia, uma mulher passava com suas crianças, tranquilamente (pelo menos visualmente). Em outro momento, um rapaz sai de uma casa, olha para os dois lados e sai ainda sim, como se fosse atravessar a rua e esperava o carro passar.
Duas coisas me chocaram:
1- as pessoas já incoporaram a violência ao cotidiano. O que acaba sendo uma necessidade de sobrevivência: ou convive com a guerra ou não vive mais, mesmo sabendo que se a pessoa optar por conviver com a guerra pode não viver mais sendo vítima de uma bala perdida.
2 - Nem foi citado na matéria a despreocupação aparente das pessoas que andavam pela rua!

Sem análises antropológicas por hoje, isso tudo é muito triste.


- Na outra matéria, em seguida, vemos a matéria sobre a chegada dos "restos mortais" daquele engenheiro brasileiro que foi sequestrado e morto no Oriente Médio (porque não sei exatamente em que país ou cidade).
A família, os amigos, todos estavam muito abalados e apesar do fato do assassinato ter sido a dois anos, a matéria era um quanto fúnebre, como só poderia ser.
No entanto, uma coisa me incomodou tanto quanto o fato de ver as pessoas enterrando um amigo dois anos após sua morte, num sofrimento que se arrastou por todo esse tempo: o uso da expressão "restos mortais" mais de quatro vezes durante o telejornal. Uma pelo âncora nas manchetes, de novo para chamar a matéria, e pelo repórter duas vezes na matéria.
"Restos Mortais" é muito forte, especialmente na hora do almoço, porque enquanto eu como eu imagino os "restos mortais" do engenheiro, quais parte do corpo poderiam estar no caixão, em que estado de putrefação.... A imaginação é uma coisa inevitável, principalmente nesses casos em que não se vê exatamente o que se é noticiado.
Como jornalista, penso: mas qual seria o sinônimo para "restos mortais" menos agressivo? Se a notícia é cruel, deve-se amaciar as expressões para que sejam digeríveis e aquele almoço ser bem digestivo? Ou isso seria "maquiar" a notícia?
Questões que são tratadas por todos os manuais de ética do jornalismo, mas que na verdade não têm respostas para uma conduta ideal. É questão de bom senso, e bom senso é pessoal.
Ou deveríamos, nesse caso, agir como as pessoas que passam em meio a tiroteios, como se nada tivesse acontecendo? Vamos aceitar que boa parte de vida é bem cruel? E é mesmo.
Não sei.

-Para quebrar o clima tenso, um pouco sobre pordutos de beleza. Na matéria fiquei sabendo que o Brasil é o terceiro maior consumidor de cosméticos, só perdendo para EUA e Japão. O foco era: mulheres tenham cuidado com os produtos sem a inscrição na Anvisa e cuidado com as propagandas enganosas! Entra um especialista da Anvisa e fala que não existe produto que tira ruga, que deixa mais nova, que deixa o cabelo assim, assado e para não confiar nas marcas que juram milagres. Acaba matéria, qual é o primeiro comercial que passa? O novo creme anti-rugas da Avon! E na assinatura do comercial algo como "Avon, você sempre jovem".
No mínimo, hilário.
Aí alguém pensa: "Como o especialista da matéria disse para não usar marcas assim, vou mudar para Natura. Ou melhor, vou parar de usar cosméticos!" Ou então: "Esses caras da Anvisa não sabem de nada!".

Escolha um lado.
Para um almoço tranquilo, desligue a TV.

dez mais

Vou inventar essas listas vez em quando para as horas que eu não tenho tempo de escrever um texto decente.

As dez palavras/expressões que eu mais falo:

1- Ave Maria
2- Que porra, velho!
3- Te amo
4- To com saudade
5- Deeeeeus me livre!
6- Alô, aqui é Michele da Aktiva Publicidade, tudo bem?
7- To com fome de novo
8- Já Elvis
9- Eba!
10- Ô Meu Deus, porque eu sou tão atrapalhada?

segunda-feira, junho 11, 2007

Meu "saut de chat "* na definição de Le Parkour



“(Le) Parkour (as vezes abreviado como PK) ou art du déplacement[1] (Português: arte do deslocamento) é uma arte física de origem Francesa, o objetivo é mover do ponto A para o ponto B da maneira mais rápida e eficiente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano.[2] Desse modo, o parkour ajuda a superar obstáculos que poderão ser qualquer coisa no ambiente circundante — desde ramo de árvores e pedras até grades e paredes de concreto — possibilitando ser praticado na área rural e urbana. Homens que praticam parkour são reconhecidos como traceurs e mulheres como traceuses”

Esta é a definição do sempre útil Wikipédia para a nova (ou nem tão nova assim) mania dos jovens. Uns dizem que é um esporte radical, outros que é uma arte que chega perto a uma arte marcial. A verdade é que o Le Parkour já virou um passatempo de muita gente no Brasil também. Tempos atrás, minha irmã chegou e disse: “Vou ali na praça tal ver meus amigos no Le Parkour”. E eu, soltei um sonoro “No que???” . Beirando à ignorância no quesito “adolescente” (veja as áspas, na hora achei que fosse coisa de adolescente), pensei que “lepacú” fosse alguma ceita que tava fazendo a cabeça da galerinha (“galerinha” já é coisa de gente velha), num ritual onde todo mundo vestia preto, lendo textos obscuros retirados da internet, evocando espíritos com velas e tal, tal, tal.... Nos segundos seguintes ao pedido (“pedido”? até parece que ela ainda me pede para ir a algum lugar), quando minha irmã viu minha expressão espantada, quase entrando em pânico e quase por prender ela na cama e não deixá-la ir ver pqp de “lepacú” nenhuma, recebi uma explicação rápida e por pouco, tardia (por pouco porque eu já estava para ter um ataque) do era aquilo de nome estranho.
“Le o que, Paula?”, “Le- ParkouR, Michele, nunca ouviu falar?”, “Não!”, “É, tipo, todo mundo fica pulando de um lado pro outro, fazendo malabarismos, com uns obstáculos... , entendeu?” “Ah sim, sim, já sei o que é”. Mentira. O que eu imaginei foram aquelas pessoas que fazem malabares com fogo em cordas em festas “psi”. Mas tudo bem, eu não queria parecer estar de fora de uma coisa que era tão normal para ela, afinal sou uma irmã mais velha “moderninha”,e também o fato de não ser uma ceita de jovens que se conheceram em alguma comunidade do orkut já me aliviava.

“E quem vai, Paula?”, “A galera da escola”, “Tá bom, não chega tarde”. E lá se foi minha irmã ver “malabares com fogo”.

Diz-se que o Le Parkour chegou ao Brasil em 2004, mas... “o Parkour surgiu na década de 80, na França. David Belle, usou inspirações no seu pai, um dos combatentes na Guerra do Vietnã, que usava alguma das técnicas do Parkour (que naquela época não possuia este nome) na guerra. David Belle então adaptou essas técnicas e as batizou "Le Parkour" (O Percurso). Após isso, ele treinava a sua disciplina, e com muita dedicação e tempo, foi reunindo pessoas. Mais tarde, ele apareceu em várias reportagens na mídia, então o Parkour passou de desconhecido à uma disciplina praticada no mundo todo” .

Os adeptos ao Le Parkour deixam bem claro que a arte não é simplesmente saltar de prédios. “Ele consiste em um homem correndo de alguém/algo e nenhum obstáculo pode pará-lo, mas, ele não é só isso, além de passar os obstáculos, você deve executar os movimentos da forma mais natural possível usando o obstáculo como se fosse parte do seu corpo. Vale a pena ressaltar que você treina o Parkour para você mesmo, você não faz movimentos para impressionar outras pessoas, até por que, isso pode resultar em sérias quedas.”. (http://www.overmundo.com.br/overblog/o-que-e-le-parkour).

Deve ser realmente uma coisa bem bonita de se ver. De ser ver, ok irmãs mais novas?
saut de chat - ou pulo do gato, uma manobra do Le Parkour.

sexta-feira, junho 08, 2007

Limpando o porão.


Ficar em casa sozinha tem uma vantagem. Longe das interferências externas, dos sons, das conversas, das presenças e de toda poluição mundana você consegue realizar uma viagem interna cheias de reflexões que findam na pergunta milenar que já tirou o sono de muitos estudiosos de psicologia e de filósofos, “Quem sou eu?”. Para um feriado responder a “Quem sou eu?” me pareceu deveras árduo. A solidão me induziu a refletir e não a queimar meus neurônios com uma crise existencial. Então reduzi minha área de pesquisa: “O que eu tenho?”

Não é de hoje que o ser humano está à procura da vida perfeita. E eu, o que que eu tenho? Posso reclamar de alguma coisa?

Começando por mim. Não sou nada perfeita. Mas não sou má (não por querer), tenho jogo de cintura, inteligência suficiente para sobreviver. Minha saúde não é exemplar, mas vivo muito bem, não tenho vícios, não uso drogas e só bebo aos finais de semana. Consegui o que eu mais queria: graduar e estou dando um passo além na Pós. Bem ou mal, me sustento, sou independente.

Minha família não tem uma estrutura convencional e não é um modelo de família ideal, das que a sociedade pinta. Mas tenho uma mãe e um pai que com todos os seus defeitos, me amam e não medem palavras para dizer o quanto se orgulha de mim. Minha irmã é linda, esperta, confia em mim. Minha avó é um chamego só, um exemplo de vida. É a MINHA família, e eu sei que quando precisar estarão lá.

Tenho uns seis bons e fiéis amigos, nada perfeitos. Uns me julgam, outros não me ouvem muito, mas quando derramo uma lágrima eles estão lá, com seus ombros e lenços não falando frases feitas de conforto, mas me confortando com: “eu te amo, acima de todas as coisas que possa acontecer”. E o melhor: são cúmplices e responsáveis pelos meus melhores momentos, são companheiros, originais. Meus amigos são FODA! (no bom sentido, rs)

Meu emprego é divertido. Também passa longe de ser o emprego perfeito, mas ganho o suficiente para sobreviver, num lugar agradável e com um chefe gente boa. Minha profissão tadinha... ser jornalista não é fácil, de verdade. Mas é o que eu amo, com todos os defeitos e não me vejo fazendo outra coisa que não seja na área de comunicação. Tenho muitas expectativas para o futuro, de que as coisas vão melhorar.

Tenho um namorado cheio de defeitos, mas possuidor de uma inteligência invejável. Carinhoso, amável, divertido, gostoso e me ama! Me fez enxergar muita coisa boa nessa vida. É quem eu quero casar e construir uma vida junto.

Então, depois de muitas horas enclausurada em mim mesma, curtindo o vazio da casa com uma vassoura na mão ou com a barriga molhada no tanque, revendo fotos, abrindo pastas e, como fez Rocky Balboa em sua volta triunfal, conotativamente limpando o porão, cheguei a conclusão que EU TENHO TUDO!
Afinal, o ideal não é a perfeição. O ideal é o que faz cada dia valer a pena.

terça-feira, junho 05, 2007

Princesinhas do pó


Lohan desmaiada depois de ter acabado com a frente de seu Mercedes.
Spears raspando a própria cabeça pouco antes de se encher de tatuagem.
Hilton, fazendo pose para o registro da prisão.



Lindsay Lohan, Britney Spears e Paris Hilton. Os três nomes femininos mais polêmicos dos tempos atuais. Não tem um dia que eu não abra qualquer página de notícia na internet que não tenha uma foto de uma das três "estrelas" internacionais.


Linsay Lohan, vai fazer 21 anos e tem sérios problemas com álcool e drogas. Já foi pra clínica de reabilitação umas 3 vezes e está em uma em Malibu umas hora dessas.
Já foi flagrada usando cocaina em um banheiro de um bar, já apareceu em milhares de fotos largada, descabelada e jogada à sorte dos paparazzi, bêbada nem se fala, já atropelou um fotógrafo, dizem que tentou cortar os pulsos duas vezes, já foi presa, já admitiu sofrer de bulemia e já divulgaram fotos dela em uma festa com uma faca no pescoço de uma amiga. Fora que já apareceu sem calcinha em várias fotos (os paparazzi não perdoam!)


Britney Spears, mãe desnaturada. Depois de ser considerada um fenomêno da música teen, o sucesso subiu à cabeça e ela surtou de vez. Engorda e emagrece como se fosse beber água, compulsiva pelo álcool, entra e sai de clínica de reabilitação, vive também deixando ser fotografada sem calcinha, quase deixa o filho cair do colo e ainda em um desabafo no próprio blog ela diz que os problemas dela decorriam da hiperatividade do filho. Hoje ela tá careca, passando mal em banheiros masculinos e com a agenda cheia de shows.


Paris Hilton. Socialite, sempre foi rica. O pai é dono de uma maiores redes de hotel do mundo, vive dirigindo bêbada, já foi presa por isso e hoje está na cadeia porque violou a condicional dirigindo bêbada, de novo. Apareceu 2 vezes sem calcinha, 3 com a bunda de fora e 2 vezes com os seios à mostra. O ex namoarado divulgou um pornô dela feito em 2005. Ela e Lohan vivem se xingando de "rainha da cocaina".


Segurar a barra do sucesso, de ser considerada um símbolo internacional de qualquer coisa, resistir às ofertas aparentemente atraentes de drogas e álcool, ter tudo na mão e um psicológico muito fraco... não deve ser fácil ter tanto dinheiro. Mas eu tenho pena dessas coitadas e toda maioria de artistas e endinheirados que caem na mesma cilada.


É o preço da fama pra aqueles que acham que fama é tudo. E se rendem à ela.




segunda-feira, junho 04, 2007

De novo, estudante.

Enfim, começaram as aulas da pós.

Tava com saudade do ambiente sala de aula e dos compromissos com trabalhos
Três dias de aulas seguidas, aulas com cerca de nove horas cada, e intevalos mínimos para água, café, chá ou almoço/janta.

Mais de 60% das pessoas eu já conheço, amigos, colegas da graduação, de profissão e/ou gente que a gente conhece do meio de comunicação da cidade. Jornalistas, publicitários, turismólogos, administradores, contadores, design gráfico até gente da área de computação dividem o mesmo espaço, trocando experiências, expondo o ponto de vista de cada um, opinões dissemelhantes sobre os mesmos assuntos. Só por esse relacionamento, já valeria o preço em negrito no boleto das mensalidades, mas ainda tem as aulas. Como é bom aprender coisa nova. Alguns partes não tinham muita novidade pra mim, mas enchiam os olhos de outros. Outras partes me enchia os olhos e para outros soava repetitivo. Normal em uma sala com tanta multiplicidade de formações.

Aula agora só em agosto, a faculdade entra de férias.

Bom, já tenho trabalho pra entregar e pra não perder a tradição vou deixar pra fazer um dia antes de entregar.

Nem tudo evolui.

Assinado: Michele do Carmo, jornalista e pós-graduanda em Comunicação e Marketing Empresarial pela Faculdade Juvêncio Terra.

Chique demais.

rs.