terça-feira, julho 31, 2007

O Rio do Meio


““Por que você escreve” é a indagação universal”. É assim que começa o livro.
Apoiada nessa interrogação, O Rio do Meio da escritora gaúcha Lya Luft, passeia em histórias de vida, experiências cotidianas, sentimentos escondidos, lembranças da infância e monstros, muitos monstros que costumam assustar nossa mente e que carregamos por toda vida, fruto de momentos que só nós somos capazes de entender.

Parece auto-ajuda (que inclusive, eu abomino com exceção de Homens são de Marte e Mulheres são de Vênus que apesar de fazer o gênero é um livro divertidíssimo), mas não é. Parece livro feminista, mas não é. Mas pode funcionar como tal dependendo da ocasião do leitor (ou leitora, a maioria do público de Lya Luft é mulher). Ou pode servir como um relato de histórias vividas ou fantasiadas pela autora, para saciar a curiosidade de quem lê. Não é o tipo de literatura que eu costumo me interessar, mas talvez por isso curiosamente tenha sido de fato interessante.

No prefácio a autora diz: “Não será uma autobiografia, embora o leitor ingênuo teime em achar que o escritor viveu todas as experiências de seus livros. Não será uma obra da imaginação, ainda que entre elementos reais haja outros inventados; várias dessas histórias me foram contadas, algumas criei, outras acompanhei ou vivi.”. Então é isso, de uma forma resumida, O Rio do Meio é o relato de fábulas e experimentações que inspiraram e inspiram Lya Luft a criar os personagens de seus livros.

A expressão “O Rio do Meio” é justamente essa miscelânea de sentimento, esse mosaico de sensibilidade guardada dentro do mais obscuro abismo de nós mesmos que em algum momento da vida desperta deixando expor quem realmente somos. As palavras das páginas de um livro são essas válvulas de escape para quem escreve e para quem lê.

segunda-feira, julho 30, 2007

Sexta da Percussão


Mesmo com uma divulgação inexplicavelmente precária, os eventos culturais em Vitória da Conquista, em sua maioria, lotam. Por sorte, as notícias se espalham pelo meio de comunicação mais popular, o famoso "boca-boca", principalmente no meio universitário. No entanto, infelizmente, quem não faz parte de nenhum grupo seleto de pessoas da universidade ou que mantém contato com alguém da universidade perde grandes chances de prestigiar grandes espetáculos, de graça.

Um exemplo foi a apresentação do Grupo de Percussão da Ufba no Teatro Glauber Rocha na última sexta feira. O Grupo fez um espetáculo de aplaudir em pé. Com uma mistura de "percussão erudita contemporânea", música popular e elementos dos sons afros, a apresentação, que durou quase duas horas, empolgou o público que pôde, inclusive, participar do show com palmas, gritos e até subir no palco para dar uma "palhinha" na última música.

Um show com muito movimento, ginga e bem brasileiro que já passou por dezenas de cidades de todo país através do Projeto Sonora Brasil do SESC.

Sensações múltiplas podem ser causadas pelo show. Em muitos momentos, fiquei tensa, como se esperasse pelo ápice da música, em outros relaxei e me deliciei com a sonoridade dos infinitos instrumentos que desconhecia o nome, o formato, a origem, mas que não me eram estranhos aos ouvidos. Para curtir um espetáculo desses não é preciso entender de percussão, só é preciso saber parar para ouvir, parar para sentir o poder de cada batida, de cada som e deixar ser levado, deixar o corpo flutuar.

Como pra mim, um Grupo de Percussão é novidade, gostei muito da experiência.

sexta-feira, julho 27, 2007

Campanha Fatboy Slim no cotidiano


Quando se fala em música eletrônica, a referência, talvez para os menos a par desse estilo musical, é Fatboy Slim. Pelo menos pra mim, amante da música, mas pouco conhecedora de alguns de seus tipos.

Descobri essa semana a delícia de ouvir Fatboy Slim assim trabalhando, criando, andando pela rua. Dando uma sacudida nos meus neurônios, uma mexida no meu corpo, enquanto, ao mesmo tempo tento ter boas idéias. O legal é que as boas idéias parecem surgir justamente da música, nas entrelinhas do som dos instrumentos, das batidas, da excitação do ritmo. Como se já não bastasse, ainda afia e incrementa meu estado de bom humor.

compulsivo desejo

As palavras que li essa semana que fizeram mais sentido:

"Masculino e feminino, tão diferentes, somaram-se, não se descaracterizando. Surgiu uma espécie de entidade livre do complusivo desejo de posse que caracteriza relacionamentos massacrantes. Não me ame tanto, parece dizer, sem palavras, quem é cercado e cercado por esse tipo de obcecado amor.
"Amar é deixá-lo livre", ecreveram-me num bilhete. Deve ser o mais difiícil e obscuro dos segredos de conviver bem." (Lya Luft - O Rio do Meio pg. 75)

quinta-feira, julho 26, 2007

Enquanto todos dormem

Às vezes o dia é tão ruim que o único momento esperado é aquele em que você desaba no seu porto-seguro.
Às vezes a angustia é tão grande que por mais que você explique ninguém entende ou parece dar créditos aos seus sentimentos.
No entanto, você ainda quer aquele abraço, aquele beijo. Você ainda espera apoio incondicional. Palavras de conforto. O tal ombro amigo.
As coisas não parecem ser tão ruins assim. Então você é chamada de “dramática”.
Pode esperar até amanhã pra que tudo melhore? Não, amanhã a aflição se transformou em algo sólido ou pode até passado e o que sobra é uma decepção de não poder ter dividido aquilo com alguém.

Mas nem em todos os momentos tem essa pessoa ali, disponível, a fim de esconder seu descontentamento com a coincidência de ter passado também por um dia ruim em prol de se dar de coração aberto para quem se ama.
Resta, depois de todo barulho, a solidão, com um banho demorado, o chuveiro quente, os pensamentos e a tentativa de ser compreensiva, forte, coerente. Nem que para isso você tenha que chorar sozinha, decidir sozinha.
Às vezes a única pessoa em que você pode contar de verdade é aquela em que você vê no espelho, enquanto todos dormem.

quarta-feira, julho 25, 2007

Quem sai de casa, quer casa. Muitas casas.

Durante esses cinco anos que moro em Vitória da Conquista mudei de casa mais que coelho de toca.
Tudo começou quando passei no vestibular na UESB e corajosamente (como os milhares de jovens que deixam o conforto do seu lar) vim morar em uma cidade em que não conhecia absolutamente ninguém e o único lugar que sabia que existia era a própria universidade.
Com o empurrão e a ajuda da minha mãe (que embora me desse todo apoio e me incentivasse a seguir meu rumo, ficava sempre com o coração na mão), achei um pensionato para morar em um bairro perto da universidade.
Foi a época mais difícil. Sem amigos, com pouco, pouquíssimo dinheiro, num frio danado e tardes de melancólica solidão e o mais triste, um pensionato chatíssimo com uma dona super rígida que trancava a geladeira da casa e achava que podia falar comigo como se fosse minha mãe. Um ponto a favor nessa doída mudança de hábito? As infinitas descobertas dessa nova vida.

Mas esse texto não é para falar disso, da minha emocionante história de “sobrevivência”. Quero aqui dizer que durante esse período (2002-2006) me mudei nove vezes! Nove!
Não sei quanto a você que está lendo, mas eu acho nove muitas vezes para tão pouco tempo. Nove vezes: caixas de papelão, choradeira para baixar o custo do transporte da mudança, jogando fora o desnecessário, desmontando cama. Sobe escada, desce escada, chora, ri, briga, quebra espelho, “eu me lembro de ter cinco talheres desses com cabo verde, aqui só tem dois!”. Muitas vezes, fiz a mudança só com a companheira de casa. Fiz questão de levar tudo nas costas, como se fosse meu carma, o fardo que eu tinha que, literalmente, carregar, pra cima e pra baixo.No inicio, não tinha nada. Depois ganhei uma cama, um fogão de duas bocas, um filtro, umas panelas e copos. Umas vezes, minhas roupas ficaram no chão, só cobertas por um lençol. Trabalhando, comprei uma mesa, uma escrivaninha, um guarda-roupa, um jogo de talheres, pratos, copos, vasilhas de plástico e etc. O resto não era (é) nada meu. Eram as coisas que juntavam de um e de outro e assim formava um lar de verdade. Ou nem tão de verdade assim. Nas nove vezes, morei com 14 pessoas diferentes. Fiz grandes amigos, exatamente um inimigo, tive minha mãe e irmã de volta (que foram embora depois) e tive tantas experiências malucas e inusitadas. Um grande desafio de convivência e paciência.

Entre mortos e feridos, foi ótimo, apesar de querer chorar toda vez que vejo minhas coisinhas (meus livros, minhas fotos, minhas miniaturas) dentro de uma caixa.

Mas enfim, a décima mudança vem ai! E, curiosamente após tantas dores na coluna, esboço uma leve empolgação por uma casa ou apartamento novo. Mas com a empolgação vem o misto de tristeza, por “deixar” pessoas e alegria por ter novos companheiros de cotidiano.

Se alguém souber de algum lugar legal por até 450 R$, três quartos e boa localização e segurança, já sabe...

terça-feira, julho 24, 2007

"Houston, We have a problem"

Qual o limite entre o egoísmo e o amor próprio?
Até que ponto é permitido pensar só em você, no seu bem estar e paz de espírito?
Quando a compaixão e tolerância devem ser prioridades em situações em que o meu conforto está em risco?
É aceitável descartar pessoas quando elas não te fazem bem?
Devo me libertar do que me incomoda mesmo que isso pareça um ato indecoroso?
Eu poderia parar de olhar para o meu umbigo e fazer com que a vida seja mais aprazível sem machucar ninguém?
O que podemos fazer para ser feliz?
E ter quem a gente ama de verdade sempre ao lado?

segunda-feira, julho 23, 2007

A burrice das pessoas inteligentes

Se tem uma coisa irritante são os intelectuais que fazem questão de se mostrarem assim, os pseudo-intelectuais e os nerds da ala radical.

Aquelas pessoas que quando se juntam só sabem falar sobre um assunto só. A pauta é sempre a mesma: correntes filosóficas, estudiosos pós-modernos, música erudita, álbum de figurinhas dos anos 80 ou bandas underground que só 30 pessoas em todo mundo conhecem.

Mas o assunto em si não é o problema. O que me tira do sério é não saber desenvolver uma outra conversa com mais de dois minutos sobre qualquer outro assunto que não seja aquele pertencente ao mundinho restrito da cabecinha limitada de alguns.

Como disse, o conteúdo por si só não é irritante. É como ele é abordado. Essas pessoas costumam se gabar, muitas vezes sem nem perceber, por “dominarem” um papo mais cult. E se sentem superiores e fazem com que o outro se sinta inferior. Não “descem” o nível do papo de jeito nenhum. “Vê se eu vou perder tempo falando nisso?”

O fator mais incomodativo é o torcer de nariz para os temas mais populares, como um programa de televisão, um filme de ação blockbuster, a vizinha que pegou o marido com outra e congêneres.

Como se para ser diferente precisa não parecer normal, gostar e admitir gostar de coisas normais. Como se para parecer inteligente precisa falar difícil, precisa sempre discorrer teorias para explicar os acontecimentos do mundo.

Um exemplo? Fui a um aniversário de um professor- psicólogo onde queriam que o aniversariante fizesse um discurso citando algum filósofo. Me poupe! Que chatice!

Eu gosto mesmo é de gente versátil. Que fale sobre quase tudo, dominando o assunto ou não. Que assuma suas preferências, seus gostos, mesmo que eles não pareçam tão selecionados, tão rebuscados.

Falemos de cinema iraniano, mas depois falemos de Raul Gil. Falemos de Shakespeare, mas depois falemos das propagandas de cerveja. Falemos da direita e da esquerda política e depois falemos da roupa devassa da ex-namorada do seu melhor amigo.

Falemos sobre outras coisas, uma pessoa verdadeiramente inteligente faz isso porque ela não precisa provar que é inteligente. Ela só é e pronto.

sexta-feira, julho 20, 2007

Falando nisso.

Morre ACM (dispensa tradução da sigla, né).

Depois de quatro pontes, duas safenas e duas mamárias e passar por cirurgia para retirada de três cálculos renais.

Foi três vezes deputado federal, três vezes governador da Bahia, prefeito de Salvador, além ter sido eleito senador em 1994 e 2002.

Idolatrado e desprezado.
Por bem ou por mal, uma lenda mística.

E ainda disse uns desaforos pra Jacques Wagner na eleição para governador.

Esse sim é um exemplo de brasileiro que não desiste nunca!


Leia o tópico abaixo.

Brazilian way of life

Eu nem me lembro mais de onde surgiu essa expressão: “Brasileiro não desiste nunca”. Mas, embora ela tenha caído como uma luva na boca dos que gostam de achar uma explicação prática para as histórias de determinação, não vejo com simpatia o jargão que será usado, eu sei, por um bom tempo no nosso vocábulo.

Foi na campanha do Lula, não foi? “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Os brasileiros adoraram esse resgate da auto-estima e se juntaram ao candidato à presidência que talvez seja o exemplo mais apropriado para ilustrar essa frase já determinada como verdade incontestável.

A verdade incontestável é que realmente para sobreviver com um pouco de dignidade nesse país deve-se ter um mínimo de firmeza, jogo de cintura, dedicação e paciência. Não é o pior Estado democrático de todos, mas o que vivemos aqui não é nada animador. A saúde, a educação, a justiça, a desigualdade compõem, entre outras coisas, a cruz que carregamos nas costas por essa Via Dolorosa dos nossos dias. Então, a frase vem a calhar mesmo, como um exercício de autoconfiança, auto-valorização e de certeza de que se você não depender de si mesmo e da própria força de persistência, não obtêm a divina redenção. Se o brasileiro não desiste nunca é porque as coisas estão complicadas por aqui.... e estão porquê?

“Eu sou brasileiro e não desisto nunca” é frequentemente usado no esporte acompanhado pelo som do nosso segundo hino: “eeeeuuuu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amooooorr”. O esportista não desiste, (afirmação inverossímil quando me lembro da última Copa do Mundo) fica até o final, lutando com garra. O torcedor não desiste, rói as unhas e fica chateado mesmo quando a seleção feminina de vôlei deixa o outro time virar e levar a melhor quando faltava apenas um ponto para o ouro pan-americano.

Ainda não aprovando e suspeitando dessa febre da nossa “palavra” de ordem, é na fé que o brasileiro encara a jornada de trabalho, os salários humilhantes, a falta de respeito e todas as conseqüências dessas três questões que são apenas uma porcentagem da lista de desgraças que nasceram com nossa tão maravilhosa colonização. E é no famoso “jeitinho brasileiro” que esquecemos disso tudo e esbanjamos felicidade (e esbanjar felicidade já parece ser um critério obrigatório, e único, para anular as árduas lidas diárias), com feriados, carnaval e todos os tipos de festividades que qualquer gringo reconhece em qualquer canto do mundo como “brazilian way of life”.

Minha desconfiança com “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”(além do contexto que em que a expressão surgiu, o menos confiável, o político) é que o brasileiro não desiste nunca mas também não aprende nunca. Não aprende a exigir direitos, cumprir deveres, só se preocupa quando pisam no seu próprio calo, não levantam a voz se não for pra defender seu próprio umbigo, reclamam só da boca para fora, e o que é pior, gostam da política do “pode até ser errado, mas quem está pagando o pato agora não sou eu, então...”. De alguma forma, estranha e difícil de entender, o brasileiro não desiste nunca, mas gosta de facilidades. Poucos se importam em furar fila, muitos gostam de ter costas largas e conseguirem empregos em prefeituras sem fazer concursos públicos, poucos são honestos quando o troco vem errado. A política do “mais esperto” impera por aqui, e mesmo que a consciência pese um dia, e daí, é assim mesmo, fazer o que?
“Não posso desistir e aprender é muito difícil”, principalmente quando ninguém tem a intenção de aprender.

Saber que o "brasileiro não desiste nunca" não é um alívio. Se o brasileiro não desiste nunca é porque as coisas estão complicadas por aqui.... e estão porquê?
A frase não me desce como um amor ao país. É narcisista e faz com que, mesmo depois de quatro horas na fila do INSS, você saia com as mãos abanando e com um sorriso constrangedor no rosto acompanhando o "sou brasileiro, não desisto nunca".

O país parece nossas escolas públicas. Vamos passando os anos arrastando, colando nas provas, se beneficiando aqui, acolá, filando as aulas que não convêm. Mas, nada de desistência! E todos se certificam de que isso não aconteça. Porque brasileiro não desiste nunca, nem que para isso não aprenda nada.

Não aprende, por exemplo, que frases bonitas, de efeito moral, são fabricadas para eleger e para ganhar dinheiro às custas de quem não desiste nunca.

quarta-feira, julho 18, 2007

Congonhas caos


A Linha Jabaquara-Tucuruvi, a Linha Azul, não era a que eu mais “freqüentava”. Na época, quando eu ainda era criança, era chamada de Linha Norte-Sul ou Jabaquara-Santana. Às vezes precisávamos atravessar (sair do Tatuapé, Linha Vermelha, Leste/Oeste ou Corinthians-Itaquera/Barra Funda) a cidade de metrô para fazer alguma coisa no Jabaquara. Ir no Playcenter, pegar um ônibus no Terminal Intermunicipal e outras coisas que eu nem me dava conta do que estava fazendo, só acompanhando minha mãe em algum lugar.
Jabaquara é pertinho do Aeroporto de Congonhas e eu no ápice da idade daquelas perguntas que os adultos não sabem responder, perguntava para minha mãe como podia ter um aeroporto daqueles, com tantos aviões indo e voltando toda hora, no meio da cidade. E ela: “A cidade foi crescendo...”


Acidentes de avião acontecem em qualquer lugar, por diversas razões, de diversas maneiras. Mas um aeroporto como o de Congonhas abriga um perigo maior: a pista estar a metros de edifícios altíssimos, de casas onde os moradores vivem, ou tentam, viver normalmente. É assustador. Não sei se quem está lendo o texto agora já teve a oportunidade de ver “pessoalmente” o que é o Aeroporto de Congonhas. As proporções são bem mais assustadoras do que se vê na televisão. Qualquer erro é fatal.


Tragicamente, outro acidente da TAM. Diferente daquele de anos atrás que invadiu casas e ruas, mas não menos triste. A discussão dos perigos que a localização do Aeroporto volta e a torcida é que providências possam ser tomadas dessa vez. O que é muito difícil, envolve muito dinheiro, interesses comerciais...


Enfim, é um fato que me choca, não estou mais lá por perto e nenhum avião em que eu estava já pousou em Congonhas (sempre me certifiquei de que iria para Cumbica, quando eu ainda ia de avião visitar meu pai), mas ainda lembro e reproduzo aquela minha pergunta inocente, como se fosse fácil remover as coisas do lugar: “como pode deixar que aquilo ainda exista?”

terça-feira, julho 17, 2007

Tempo

Se tempo fosse tudo, e se tempo também fosse dinheiro estaríamos todos ricos.
Se o tempo não para é por isso que o tempo é mano velho...
Tempo as vezes é só quando faz sol ou quando chove
Quando faz frio ou calor
Todo mundo tenta entender o tempo
Pede um tempo
Precisa de um tempo
Perde tempo
Ganha tempo
Todo mundo sofre os efeitos do tempo
Com as rugas, o cansaço, a desilusão
E todo mundo se beneficia com o tempo
Com uma conquista, um encontro...
Tem gente que diz:“não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar”e tem gente que enaltece o tempo“tempo, tempo, tempo, tempo, és um dos deuses mais bonitos”
Na alegria: há quanto tempo!!!
No desespero: não vai dar tempo!
Na lembrança: há um tempo atrás...
“(...) penso que o tempo sempre quis me devorar” já diz Nazi.
Um amigo diria que é tudo convenção“a gente que inventou para se guiar melhor”
Newton juntou o tempo com a noção do espaço
Einstein aproveitou isso e disse que tudo fazia parte de uma quarta dimensão
Muitos filósofos estudam o tempo
No objetivo
E no subjetivo
Como Aristóteles: “O tempo é o número (soma) do movimento, segundo o anterior e o posterior".
E como Quevedo: “Sabes tu, porventura, o que vale um dia? Conheces o preço de uma hora? Examinaste, já, o valor do tempo? Decerto não, porque o deixas passar, alegre, descuidado da hora que, fugitiva e secreta, te leva preciosíssimo roubo. Quem te disse que o que já foi, voltará, quando te for preciso, se o chamares? Dize-me: viste já alguma pegada do dia? Não! Ele só volta a cabeça para rir e zombar daqueles que assim o deixaram passar"
Tempo amigo, seja legal, conto contigo
Para nós, jornalistas, tempo é aliado e inimigo
É a luta contra o tempo ou junto, com ele
O dead line é o nosso sinônimo de tempo
O tempo tem formatos
Tempo cósmico
Tempo histórico
Minutos, dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos
Anos-luz
Idade
O tempo cura
Para outros, tempo é Deus
Mas se Deus é atemporal e onipresente, qual seria mesmo o tempo de Deus?
E Deus tem tempo pra todo mundo?
Nem perdi, nem ganhei, mas usei muito tempo pensando nisso e escrevendo
O que é muito e pouco tempo?
Tudo tão relativo
“temos todo tempo do mundo”?
O tempo que criou a saudade
saudade
saudade


Escrevi em março de 2006.
Saudades do meu pai.

domingo, julho 15, 2007

Sex and the City


Um mistério que eu não tinha a menor curiosidade de desvendar: por que 99,9% das pessoas a quem eu perguntava se gostava de Sex and the City me respondia com um sonoro “Adoro!”.

“Por que, por que, por que? Como podem gostar tanto de uma série que tem no elenco quatro mulheres com trinta e poucos anos que só falam de sexo e de suas vidas infelizes por não encontrarem um grande amor?” e “Como uma série assim ganhou tantos prêmios?” Era assim que eu pensava, e toda vez que o assunto era seriados norte-americanos eu fazia questão de entrar com minha indignação. E logo vinham os defensores: “Você precisa assistir, não é nada disso que você está pensando”.

Depois que fui abandonada por ALIAS e que as séries (Lost, The Office, Heroes, Ugly Betty) entraram de “férias”, fui atrás de algo que tivesse todas as temporadas na videolocadora. Minhas opções: À Sete Palmos, 24 horas e Sex and the City. Já tentei ver a primeira, muitas mortes pra uma pessoa impressionada como eu. A segunda, nem pensar! E sobrou as quatro mulheres com a libido esparramando por toda Manhatan, doidas pra dar uma.

Vamos lá, pensei, essa é minha oportunidade de provar minha teoria. Nem pensei da possibilidade de mudar de idéia, de ceder e um dia falar: “Sex and the City? Adoro!”

Quando começa o primeiro episódio, depois de um resumo de uma história que começa como um conto de fadas e termina como uma tragédia shakesperiana, a narração de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) me vem com um “Welcome to the “age of un-innocence”. Não há “bonequinhas de luxo” e “nunca é tarde demais para esquecer”. Ao invés disso, as bonecas trabalham e têm relações que tentam esquecer rápido. (...) O cupido voou do pedaço (...). Há milhares de mulheres nessa mesma situação nesta cidade”. E minha opinião se fundamentava: “Pra piorar ainda é uma série feminista”.

Era ruim mesmo, eu achei os primeiros episódios um desastre. Mas, algo me segurou nos vinte e poucos minutos de episódios (que depois viraram trinta) sobre as histórias de Carrie e suas amigas Charlotte, Miranda e Samantha e seus amores destrambelhados e muito, muito imperfeitos. Fui arrastando assim até o início da terceira temporada, quando as coisas foram mudando nos personagens, no jeito de filmar a série, nos temas, em tudo. A premissa era a mesma, mas algo carismático foi despertando e então pude me entregar a New York.

Fui entendendo que não era só sexo e relacionamentos vãos. Eram histórias que uma cidade induzia aos personagens, era a busca por um sentido na vida, pela busca do amor num lugar onde todas as coisas pareciam ser mais importantes e a luta para entender a cabeça dos homens é não tão menos árdua do que entender a si própria. E o mais importante: o valor da amizade. Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha não são amigas perfeitas, mas cúmplices de companheiras de experiências da maturidade. Ahh mas elas não são tão maduras assim... expõem inseguranças, infantilidades, dúvidas e desejos extravagantes. No entanto, são mulheres dignas, trabalhadoras, bem-humoradas. São fantásticas!

Carrie Bradshaw escreve para uma coluna de um jornal chamada Sex and The City. As histórias das colunas eram o pano de fundo da série que foi baseada em um livro de Candance Bushnell.

Durante as seis temporadas de Sex and the City é impossível não se apaixonar por Nova York e suas múltiplas faces. Manhattan é um cenário ideal para qualquer amante da vida urbana. Bares, restaurantes, exposições, festas, trabalho, tudo é 24 horas perfeito! E mesmo que você não se apaixone espontâneamente, os personagens estão ali para fazer você cair de quatro pela maior cidade do mundo. O que não são tão perfeitas são as pessoas e Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha sabem muito bem explicar isso nos 94 episódios exibidos originalmente pela HBO entre 1998 e 2004.

No último episódio, olha aquela sensaçao de abandono de novo.(veja post sobre ALIAS em 4 de fevereiro).

Sex and City é pra mim, além de outras coisas, um exemplo de comprovação da expressão “Não julgue antes de conhecer de verdade”.

Sex and the City? Adoro!

Carrie Bradshaw - Sarah Jessica Parker
Charlotte York - Kristin Davis
Miranda Hobbes - Cynthia Nixon
Samantha Jones - Kim Cattrall

sexta-feira, julho 13, 2007

"Its a got a back beat, you can't lose it" *

Já que estou sem tempo de escrever...
Uma foto dos reis!

Em homenagem ao Dia Mundial do Rock.
Há anos, eu li uma frase na Revista Bizz de alguém do mundo do rock. Não lembro quem foi, mas sempre achei que o cara (ou a cara, rs) conseguiu expressar o sentimento com relação ao estilo musical "mais mais" que existe. Pode parecer clichê, feia, boba, mas "...e no oitavo dia, Deus criou a guitarra" é uma das minhas frases preferidas.

quinta-feira, julho 12, 2007


Minhas duas novas filhas. Ainda sem nomes.

quarta-feira, julho 11, 2007

My bathroom sweet bathroom.

Eu sonho com meu banheiro. Aquele que um dia vou construir na minha casa, apartamento que eu vou ter ou alugar em algum outro momento da vida que eu tiver mais dinheiro para isso (em banheiro de República não dá muito pra fazer isso). Meu sonho de consumo, desde pequena, é um banheiro bonito, confortável, daqueles que se tem vontade de ficar o dia inteiro trancado nele. Não precisa necessariamente ser caro, com cerâmicas importadas, espelhos especiais, tapetes persas, pias de louça fina. Mas tem que ser estonteante, que eu entre no banheiro todos os dias e suspire. Que eu chegue do trabalho e o primeiro cômodo a ser visitado seja o meu precioso e cheiroso banheiro.

Nas revistas de decoração e nas lojas de materiais de construção, meus olhos param nos banheiros. Ontem eu estava procurando uma imagem de chuveiro para um comercial e acabei gastando o tempo olhando imagens desses espaços tão íntimos, tão delicados, tão culpados pelos meus desejos mais domésticos e fúteis.


Vou colocar as fotos de alguns banheiros que possuem alguns elementos




segunda-feira, julho 09, 2007

Criatividade do pau oco!

Essa minha criatividade é uma putinha. Uma promíscua, uma piranha.
Está comigo o tempo todo, mas vez em quando, quando eu procuro, quando realmente preciso, cadê?
Some, evapora, me deixa em péssimos lençóis no trabalho.
Deve estar na cabeça de outro. Por aí. Santa falta de consideração!
Ela esquece que meu pão de cada dia depende dela!?
A noite ela aparece. Aposta quanto? Como quem não quer nada.... aos poucos...até bombardear minha cabeça com as idéias que eu queria que tivessem aparecido a tarde!
Deve ser o frio. Essa criatividade cretina deve estar com algum desempregado que passa o dia deitado embaixo dos edredons assistindo Sessão da Tarde.
Porque aqui, na Agência, ela não está. Já olhei para todos os cantos da sala atrás da minha perdida inspiração.
Também já tentei procurar pela internet. Sem sucesso. A criatividade não consegue se esconder por trás daqueles malditos pop-ups!
Achei que ela pudesse voltar após algumas xícaras de café. Que nada.
Tentei algo mais forte, como balas de iogurte. Nada.
O que você quer de mim, Criatividade ingrata?
Que eu me ajoelhe, peça pelamordedeus?
Que eu me rebaixe ao nível dos clonadores de idéias incapazes de ter uma invenção um pouco original?
Nanão. Ainda tenho dignidade! Essa não me abandona, assim como você!
Enrolarei até o fim do expediente.
Mas por favor, volte amanhã às 8 da manhã.
Sem falta.


Pelamordedeus!

Hormônios X Hormônios

Existem duas fases de idade em mulheres que requer muito jogo de cintura e paciência para lidar: adolescência e a chegada da terceira idade.
Com os hormônios à flor da pele, a rebeldia juvenil das meninas é muito difícil de ser contida, entendida, explicada e aceita. Elas querem mais, nada está bom, sempre estão gordas, odeiam obrigações de casa. A menopausa deixa as “quarentonas” e “cinquentonas” um tanto loucas, cheias de neuras, inseguranças, agravadas pelo aparecimento massivo dos cabelos brancos e das rugas, do engenhar da pele.
As duas idades sofrem de carência aguda. As duas querem ser o centro das atenções. As duas procuram confusão por nada. A mais nova sempre quer estar certa, a mais velha nunca admite estar errada. Quando as duas convivem numa mesma casa, só um terapeuta pode salvar.
São os hormônios que vem e os que vão...


Por isso, eu digo que amo meus vinte e poucos anos.

sábado, julho 07, 2007

BA 263

Não sei quantas pessoas que estão lendo esse post já tiveram o desprazer de pegar, com frequência, aquela estrada Conquista-Itabuna.
Há cinco anos faço esse mesmo percurso e há 5 anos me revolto com o descaso do governo estadual com as estradas. Não é só pelo descaso. É porque a maior propaganda do governo anterior era justamente a manutenção dessas estradas. Durante todo esse tempo só vi uma reforma sendo feita, no trecho de Itororó. Que era mais uma "tampação" de buracos do que uma assistência que a estrada realmente merecia e necessitava.
Entre Floresta Azul e Ibicaraí, os carros só andam a 10 km/h! O trecho que poderia levar 15 minutos para ser percorrido leva de 30 a 40 minutos. Nesse pedaço do caminho é onde tem a maior incidência de assaltos. Além disso, antes e depois dessa viagem você deve fazer uma revisão completa no seu carro!
Eu sei que tem outras, e muitas, estradas nessa mesma situação pela Bahia.
Estão dando um jeito no Marçal. Deixaram para fazer isso quando a situação já estava no limite do perigo, ou esperaran o momento mais conveniente politicamente. Ou começaram os trabalhos do novo governo estadual?
Não sei, não quero saber se quem está governando é A ou B. Não estou aqui para falar mal de direita ou esquerda. Não importa se é coisa de politicagem. Que seja. Mas que façam direito. Se é pra fazer propaganda eleitoral, que façam direito! Quero saber quando vão dar um jeito naquela estrada. Para, quando eu voltar à Itabuna, não tenha que desabafar de novo.

quarta-feira, julho 04, 2007

Frases de msn...

Uma seleção das melhores e piores frases dos meus contatos no msn.
Para preservar a identidade das pessoas, não colocarei seus nomes.
Meu comentário depois.


"A arte existe para que a verdade não nos destrua" – Nietzsche (tenho muitos amigos intelectuais!)

““Diamante de sangue” ASSISTAM! Uma lição para nunca mais esquecer!” (A Africa continua nos ensinando muitas coisas)

“Abu Ya al-haw; Abu Ya al Dabbagh Dabbagh roosts familia roosts… Depois dos 15 menina vira mulher” (quê?)

“É a…. diretamente do mundo da Lua... onde tuuuudo pode acontecer!” (Lucas Silva e Silva!)

“Meu vício agora é o passar do tempo” (huummm)

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” Fernando Pesssoa” (Essa é nova hein!)

“A medida de amar é amar sem medida” (uau!)

“Quem não sonha não anda de avião” (e quem não tem pesadelo?)

“minha vida pelo ralo” (ops! Se precisa de alguma amiga, estou aqui!)

“Feliz demais! Jesus é lindo!” (em Paixão de Cristo é mesmo!)

“dei uma saída, qq coisa deixe um recado” (ok!)

“Ainda bem que você vive comigo...pq senão como seria essa vida?” (eita povo apaixonado!)

“Imperdível! Teclado Office Multimídia PS/2 + Scroll 45,00” (interessados? Eu passo o recado!)

““Lança o teu pão nas águas, porque depois de muitos dias o acharás””(molhado, fermentado, provavelmente, impróprio para consumo)

“”A melhor maneira é a maneira certa” He-man” (Nerd!)

“GUUUUUUUU, TE AMUUU GORDUUUU” (UUUU-HUUUU)

“A tempestade sempre passa, o sol volta a brilhar” (Isso ai, bola pra frente, mãe!)

“Quero uma cia para aula de dança” (eu já desisti, fia. Homem que dança é difícil demais!).

“Umas pessoas amam o poder, outras tem o poder de amar” (pode ter os dois?)

“O mercado de Conquista tem jeito, vamos respeitar o espaço de cada um” (gente otimista).

“os dispostos se atraem” (boa!)

“Só não vive quem já morreu” (eu sempre disse isso, mas ninguém me escuta...).

“Dia anormal...sentimentos, saudades,..dor...entende? (sim, sim)

“Os olhos mentem dia e noite a dor da gente” (ê povo que sofre)

“Das cinzas nós renascemos” (diga isso pros meus dois amigos de cima)

“Meu troco é pouco, é quase nada” (Será que ele e Falcão deram 1,00 pra pagar 0,95 e ainda reclamam do troco!?).

domingo, julho 01, 2007

1º de Julho

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez

O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que eu guardei prá ti
Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim

Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração

Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso

Vale mais o coração
Ninguém sabia, ninguém viu
Que eu estava ao teu lado então

Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Baby, baby, baby, baby

O que fazes por sonhar
É o mundo que virá pra ti e para mim
Vamos descobrir o mundo juntos baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor
Meu amor...




Renato Russo.