segunda-feira, novembro 19, 2007

"É dia de descanso, nem precisava tanto"

A tarde de domingo (18/11) da Mostra foi marcada pela ausência de público. O que é de se estranhar numa cidade como Vitória da Conquista que abriga mais de três faculdades, uma universidade estadual e estudantes e professores sempre resmungando sobre a falta opções de lazer, entretenimento e cultura.

Os comentários das poucas pessoas que fizeram questão de prestigiar o evento era que o motivo do vácuo foi o feriado (supondo que muitos viajaram por conta do dia 15 novembro) e justificativas como “a divulgação foi estranha”. Desculpas a parte, o fato é que na apresentação de Piruetas (BA/2007) a produtora do curta-metragem presente no evento dispensou o microfone e a frente do palco para fazer sua apresentação mais perto dos pouco mais de 20 espectadores, incluindo nesse número diretores, outros produtores e o pessoal da organização. Uma verdadeira vergonha.

Em um desabafo na comunidade de Conquista no Orkut um cinéfilo desabafa: “(...) mas cadê os conquistenses? Cadê os universitários ditos engajados? Cadê os ditos politizados que passam horas em comunidades virtuais como esta, discutindo política, muitas vezes de forma vazia resumindo-se a picuinhas do tipo “meu canditato/partido é melhor que o seu”? Cadê as autoridades políticas (inclusive algumas presentes na noite anterior, mas pelo visto era só pra figuração)?Pior é depois ter que ouvir que “Conquista não oferece nada de interessante pra fazer”. Queria acreditar que a presença de poucos foi por conta do feriado prolongado, mas acho que não, porque o show de reggae após a sessão de sábado “bombou””.
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O primeiro curta a ser projetado foi “Gravidade” (PB, 2006) um filme experimental de 6 minutos de Torquato Joel. “Gravidade” é mórbido, cores escuras, ambiente sujo, insetos, deserto, abandono e um homem nú devorando algo identificável. Uma composição de som e imagem numa seqüência que se repete três vezes em ângulos feitos por uma grua que se ampliam a cada reprise. O experimento parece querer estimular a reflexão sobre a situação de decadência que o ser humano pode alcançar, ou não. É tão estranho que se torna deveras interessante. Algo para assistir mais de duas, três vezes para uma interpretação mais segura.

Depois, foi a vez de “Piruetas” de Haroldo Borges. Um curta de 14 minutos quase sem diálogos filmado em São João da Mata, no interior da Bahia. “Piruetas” quase não possui diálogos, mas é recheado de grandes emoção ao contar a história de avô e neto que vêem no circo um refúgio para a monotonia da cidadezinha que afeta, visivelmente, a relação entre os dois.
O circo exerce um poder forte sobre os dois capaz de aproximá-los. Uma obra singela e tocante.
O longa-metragem da tarde de domingo foi o aclamado “Serras da Desordem” (RJ 2006). Apesar de ter no folder da programação que a projeção seria em película, o documentário de Andréa Tonacci foi apresentado em DVD. Imagem digitalizando, cores distorcidas, diálogos inaudíveis comprometeram a apreciação da obra. (In)felizmente “Serras da Desordem” foi um dos três ou quatro longas em DVD da Mostra. O filme mescla documentário e ficção, encenações e realidade distinguidas pela intercalação de cenas em preto e branco e coloridas. Conta a história do índio Carapirú, que sobrevive a um ataque de fazendeiros (momento em que perde boa parte de sua família) e passa décadas tentando sobreviver sozinho pelas serras do centro-oeste.

Que venham os outros dias da Mostra e que seja bem diferente desse domingo no quesito presença de público.

3 comentários:

jacques disse...

lá em fortaleza é desse jeito também. aqui em sampa é o contrário: a gente reza pra não ir ninguém pros eventos, porque tudo é lotado demais. um saco.

beijão, moça!

descolonizado disse...

queria tanto ter ido, mas não deu. = (

enfim... se ano que vem tiver e eu estiver por aqui ...

Jacqueline Jack disse...

Ô Midica, gostaria de ter ido. Mas estava em BH cuidando dos meus olhos!
Saudades de ti moça bonita!
beijo