quinta-feira, novembro 22, 2007

Emoções à flor da pele e cenas intensas – Os curtas de terça à noite.

O início da noite do quarto dia da Mostra Cinema Conquista foi recheada de sentimentos fortes graças aos dois curtas-metragens que precederam o tão esperado documentário “Cartola – Música para os olhos”.




“Noite de sexta, manhã de sábado” (PE/Ucrânia 2006) abriu a noite. O filme de Kleber Mendonça Filho, traz, como já indica o nome, a noite de sexta de um rapaz de Recife voltando para casa depois de uma festa, passando por lugares comuns, como posto de gasolina, de conveniência. O rapaz faz uma ligação em inglês para uma garota de um país distante (depois nos créditos descobrimos que é a Ucrânia) e diálogos com poucas, mas intensas e íntimas palavras, dividido por um silêncio doído e triste.




A saudade é o pano de fundo do drama filmado em preto e branco com imagens granuladas e planos que valorizam espaços e localizam a situação dos dois protagonistas. Sem seguir nenhum padrão, o diretor abandona a preocupação com a reprodução estática e faz uso da câmera impaciente, conduzida à mão durante todos os 15 minutos acompanhando a trajetória do casal do ponto em que iniciaram a conversa até o momento em que chegam à praia.




Os cortes secos são elementos fundamentais, mas alcançam o ápice quando numa sintonia com o som ambiente, geram uma seqüência belíssima e emocionante. É o momento em que, numa tentativa quase que desesperadora e dolente, o casal utiliza as únicas ferramentas que tem em comum naquele momento: o sol, o mar, a areia, para se sentirem conectados um ao outro. Uma cena extremamente sensível e verdadeira. Na conversa, a sugestão de tirar os sapatos, sentir a areia, molhar os pés, olhar para o sol, e o espectador acompanhando passo a passo de cada etapa.




“Noite de sexta, manhã de sábado” quase não arrancou aplausos do público do Centro de Cultura, talvez pela estranheza causada em alguns pela “quebra” de padrões estéticos e significados, ou, melhor, estavam talvez todos paralisados saboreando toda melancolia de sentimentos tão reais de um filme tão sincero.




“Saliva” (SP 2007), de Esmir Filho, o segundo curta da noite traz um tema muito mais leve, adolescente, mas não menos intenso. Qual menina de 12, 13 anos que sonhou, suou ou tremeu só em pensar no primeiro beijo? Qual menina não disse que nunca ia beijar na vida e mesmo assim ensaiou beijando o espelho? São essas experiências quiméricas que precedem o momento inesquecível de tantas garotas que fazem de “Saliva” um filme verdadeiro e muito divertido.




Esmir Filho se aproveita do elemento água para representar brilhantemente o nojo da troca de saliva que uma garota dessa idade tem. Está tudo inundado em “Saliva” e somos transportados para uma narrativa surreal de imaginações e sentimentos bem familiares. Este sim conquistou a platéia de cinéfilos presentes.

5 comentários:

jacques disse...

fiquei super curioso pra ver o curta de recife.

abração.

descolonizado disse...

aff. não acredito que eu estou perdendo isso. unf! :@

Alberto Pereira Jr. disse...

ótimas descrições dos curtas.. fiquei tentado a ver noite de sexta, manhã de sábado.. saliva vou ver em breve..

Renata disse...

ai que saudade dum bom festival de cinema... =)

Anônimo disse...

Isso é so para fazer inveja a quem não pode ir!! :( :P