domingo, abril 27, 2008

Tarde de domingo.

Caminhando sozinha durante a tarde de hoje, domingo, tive uma sensação de nostalgia de um futuro não muito distante. Não havia identificado o que era exatamente até ver uma garota pendurada no orelhão gritando: “ahh que saudade”. Achei a origem da melancolia: a época em que cheguei à Vitória da Conquista... em 2002.


Dia 22 de abril deste ano fez 6 anos que eu moro aqui, no sudoeste baiano. E logo no inicio não tinha nada pior do que as tardes de domingo. Nos dias de semana tinham as aulas, tudo era novidade, a universidade era o mar pra Colombo. Sábados e, especialmente, os domingos eram um terror. Hoje eu penso como fui corajosa ou como eu estava desesperada para sair de casa e “ganhar o mundo”. Coragem minha e das centenas de estudantes que se mudam para estudar sem conhecer uma alma penada na cidade do novo lar. A saudade de domingo não é brincadeira... Pode até fazer desistir os menos persistentes e devotados. Mas a parte boa da parte triste, faz crescer: “é agora ou nunca, se eu posso agüentar a ausência total daquele mundo e enfrentar com a força de minhas próprias pernas a saudade, a solidão e a falta de um rosto conhecido (e geralmente a falta de um conforto mínimo e do dinheiro) eu posso qualquer coisa nessa vida”.


No entanto, antes de se sentir um ser desgarrado e experimentar os prazeres da nova vida sem o pai, a mãe, irmãos e os amigos de sempre, muito chororo é despejado nos orelhões mil. Lembro-me de alguns dias mais desesperadores desta fase, em que eu soluçava pedindo pra minha mãe que ela fizesse o dia passar rápido porque eu não agüentava mais o silêncio das ruas. O silêncio é o maior vilão desta história, depois da distância e da cruel rapidez em que acabam as unidades do cartão telefônico.


Com o tempo, tudo passa. Mas mamãe eventualmente ainda recebe umas ligações choramingonas.

Subindo a rua da minha casa e pensando sobre este post, numa tarde silenciosa de um domingo quase chuvoso.

2 comentários:

descolonizado disse...

odeio os domindo também; aff, odeio domingo. meu deus como eu não suporto domingo.
okay deu pra entendar.

[grito alto] você está lendo douglas adams! AMOOOOOOO!

Shirley de Queiroz disse...

Ouvi dizer que Conquista tem mesmo este poder sobre quem chega. O silêncio pode ser assustador, o deserto das ruas pode ser bastante inóspito. Nós, nativos, somos imunes, mesmo que às vezes, as coisas compliquem. Eu adoro domingo quase chuvoso de tarde. Minha cama e meu travesseiro que o digam...