Hoje, nas propagandas eleitorais dos candidatos a prefeito de Vitória da Conquista, dois dos três programas falaram sobre o meio ambiente. De forma coerente até, poética, como sempre acontece quando é pra falar sobre o "futuro do planeta Terra" e com propostas viáveis e necessárias de acordo com a realidade da nossa cidade (a que eu conheço).
Um deles começou com a apresentadora falando assim: "Meio ambiente. Como ele interfere na sua vida?". Confesso que ouvi poucas palavras depois dessa apresentação. Fiquei pensando que o grande mal de quando se trata de algum problema social é que ele é colocado como algo que vem de fora pras nossas vidas e pouco é pensado no sentido de como nós mesmos somos agentes diretos no processo a ser analisado. O meio ambiente interfere nas nossas vidas, nossas vidas interferem no meio ambiente, nós fazemos parte do meio ambiente não somente como receptores das conseqüências e sim como participantes ativos de tudo que acontece. Então, quando vem a pergunta "como ele interfere na sua vida?" fico com aquela sensação de que meio ambiente de um lado, população de outro e vamos esperar que alguém faça alguma coisa por ele, pela gente.
Mas enfim, isso foi só um inside, uma fuga rápida que me vez lembrar de algo que aconteceu comigo esses dias.
Em todo processo de mudança de casa, uma enxugada básica nas tralhas que acumulamos durante anos se faz necessária. E eu juntei muitas: jornais, revistas, folhetos de eleição ainda de 2004, bilhetes, contas, panfletos, algumas apostilas descartáveis, pastas velhas...ou seja, um mundo de papel que rendeu três sacolas muito grandes com material quase que implorando para ser reciclado.
E agora? Começou a lida para achar quem o faça. Aqui na cidade, tem o Projeto Recicla Conquista, da Prefeitura Municipal. Um programa interessante, mas insuficiente para a demanda. Pego o telefone e:
-Oi, eu moro no Centro e tenho aqui muito papel que pode ser reciclado. Não quero de jeito nenhum jogar fora o que pode gerar renda e ajudar na preservação do meio ambiente (eu sou uma pessoa boa, rs).
- Você pode trazer aqui no Recicla Conquista, no caminho do Shopping. (longe pra caramba).
-É, mas eu não tenho carro. Não tem como vir buscar?
- Olha, a gente pode ver um dia nessa semana ou na outra. Porque estamos sem carro suficiente pra fazer as buscas. O ideal seria trazer.
- É... mas se vir, pode ser que horas?
- Nós podemos de 9 ao meio dia e de 2 às 5.
-É, essa hora eu trabalho. Pode ser sábado?
-Infelizmente...
(...)
Aí, desliguei e fiquei de tentar de novo. Duas semanas se foram e não consegui ninguém pra ir buscar e nem carro pra levar. Joguei fora.
Quase um mês depois passei pela mesma situação. Agora, com papelão, muitas caixas de papelão dos presentes que ganhamos. O pior que dessa vez eu nem podia guardar muito tempo, então embalei tudo e sai na rua atrás daquelas famílias inteiras que saem com uma carroça “catando” material reciclável como fonte de renda depois do horário de expediente. Não achei.
Joguei no lixo com a indicação na sacola: “Reciclável” pra ver se uma alma passava antes do caminhão de lixo e levava.
A gente tenta, mas por aqui, pra nossa vida prática, ainda não é “viável” ser “ecologicamente correto”. Uma pena.
MUDAMOS DE ENDEREÇO!
Há 5 anos
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