segunda-feira, março 12, 2007

Pacgirl


Eu sei que um exame de sangue ou de fezes pode resolver tudo.

Vou descobrir que eu tenho uma solitária de vinte e cinco metros e quarenta e três centímetros na barriga. Pronto, vou cuidar para que ela abandone o habitat reconfortante do meu abdômen e acaba toda essa fome expressiva que me consome. Mas acho que não é isso. Não queria que fosse também.

Mas gostaria de saber, com todas as forças do mundo, porque eu só paro de comer quando acaba o que eu estava comendo ou quando começo a passar mal.

Guludice. Olho-grande. Esfomiamento. Talvez eu tenha sofrido muito com a precariedade alimentar da tribo africana em que nasci na vida passada. Lá nesse passado, uma estiagem prejudicou as plantações de trigo que minha família cultivava e os bezerros que davam leite (?) e carne morreram todos. Desesperado, meu pai, Dudumoró, ofereceu minha vida ao Deus da Fartura e das Monções em troca de uma vida menos miserável. Por isso, nessa vida eu nasci assim, querendo comer toda hora. E sem querer desperdiçar nada e nem deixar pra amanhã.
Vou deixar claro que minha dieta até que não é muito ruim. Não uso açúcar nem óleo. Mas como doces e manteiga adoidado. Mas tomo muito chá e adoro verduras. Não acho que como muito. Acho só que quero comer toda hora. Tenho certeza. No entanto, divido, numa boa, o pão de cada dia. Não sou egoísta na hora de compartilhar as benções.
Psicólogos, psiquiatras, benzedeiras ou a crendice popular em geral, podem dizer que isso tudo é ansiedade. As vezes acho mesmo. Principalmente, quando estou sem muito coisa pra fazer, aí só quero comer.
Ou é mau olhado.
Ou é gula.
O quinto pecado capital.
Eu li que "os sete pecados capitais" não é uma idéia originalmente bíblica e veio da cabeça de uma cara chamado Gregório, o Grande, no século IV. A gula é uma coisa complicada. Todo ser humano ser um pouco guloso. Menos os que passam fome, como aqueles da tribo da vida passada. As anoréxas também não tem gula. Tem algo inverso a isso. Coisa feia não querer comer.
Antigamente, naquela época onde os escultores famosos esculpiam mulheres com os quilinhos a mais, que não eram a mais, era bonito ser gordinho, e comer e comer. O título que recebe essa época nos livros de história que a gente estuda na escola é Renascimento. Sempre tem uma balofa em pedra. Quando forem dar títulos em livros de história para nossa época vão colocar a foto de alguma modelo mostrengo dessas, Olivias-Palito da contemporaneidade.
Cada sociedade tem seus modelos de beleza. E cada uma, uma idéia diferente da comida. A nossa é estranha. Quem tem dinheiro, não quer comer. Quem não tem dinheiro, faz tudo por um prato de comida. E sempre existiu guerra por comida.

E eu ainda não sei qual o limite de fome e gula.
Fiquei sabendo que São Francisco de Assis usava cinzas para temperar a comida dele, para eliminar o sabor. Eu hein, que homem, ou santo, sem juízo.

Mas tem que saber dosar, parece. Vê ai, tem até mãe perdendo a guarda do filho porque entope o menino de besteira. Tem que ver o lado da saúde, dizem.

Então, enquanto não descubro a causa da minha fome sem limite, aceito os comentários do tipo: “já ta com fome??!!”, e vivo feliz saboreando o sabor saboroso das coisas que como. E tomando chá de boldo depois.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando eu te conheci, vc nao comia assim.

Mas eu acho que o seu problema é o chá.

Shirley de Queiroz disse...

Mi, uma coisa é fato: o estômago leva 15 minutos para enviar ao cérebro a sensação de estar satisfeito (não tem msn lá). Portanto, vc vai querer comer durante 15 minutos. Ponto. O negócio é comer devagar, pra comer menos durante esse período. Em 15 minutos vc vai estar satisfeita. Agora, essa sensação deve durar 3 horas. Qualquer ser humano, com solitária na barriga ou não, deve se alimentar a cada três horas. Nem que seja um copo de suco. Comendo pouco nesse ritmo, a gente se satisfaz e o melhor, não engorda. Só isso...

Ps.: Compliação de informações adquiridas por vários meios.
Ps.2: Eu ainda não consigui colocar em prática esse negócio das 3 horas. Mas eu como devagaaaaaarrrrr.

Bjinhos.