Durante esses cinco anos que moro em Vitória da Conquista mudei de casa mais que coelho de toca.
Tudo começou quando passei no vestibular na UESB e corajosamente (como os milhares de jovens que deixam o conforto do seu lar) vim morar em uma cidade em que não conhecia absolutamente ninguém e o único lugar que sabia que existia era a própria universidade.
Com o empurrão e a ajuda da minha mãe (que embora me desse todo apoio e me incentivasse a seguir meu rumo, ficava sempre com o coração na mão), achei um pensionato para morar em um bairro perto da universidade.
Foi a época mais difícil. Sem amigos, com pouco, pouquíssimo dinheiro, num frio danado e tardes de melancólica solidão e o mais triste, um pensionato chatíssimo com uma dona super rígida que trancava a geladeira da casa e achava que podia falar comigo como se fosse minha mãe. Um ponto a favor nessa doída mudança de hábito? As infinitas descobertas dessa nova vida.
Mas esse texto não é para falar disso, da minha emocionante história de “sobrevivência”. Quero aqui dizer que durante esse período (2002-2006) me mudei nove vezes! Nove!
Não sei quanto a você que está lendo, mas eu acho nove muitas vezes para tão pouco tempo. Nove vezes: caixas de papelão, choradeira para baixar o custo do transporte da mudança, jogando fora o desnecessário, desmontando cama. Sobe escada, desce escada, chora, ri, briga, quebra espelho, “eu me lembro de ter cinco talheres desses com cabo verde, aqui só tem dois!”. Muitas vezes, fiz a mudança só com a companheira de casa. Fiz questão de levar tudo nas costas, como se fosse meu carma, o fardo que eu tinha que, literalmente, carregar, pra cima e pra baixo.No inicio, não tinha nada. Depois ganhei uma cama, um fogão de duas bocas, um filtro, umas panelas e copos. Umas vezes, minhas roupas ficaram no chão, só cobertas por um lençol. Trabalhando, comprei uma mesa, uma escrivaninha, um guarda-roupa, um jogo de talheres, pratos, copos, vasilhas de plástico e etc. O resto não era (é) nada meu. Eram as coisas que juntavam de um e de outro e assim formava um lar de verdade. Ou nem tão de verdade assim. Nas nove vezes, morei com 14 pessoas diferentes. Fiz grandes amigos, exatamente um inimigo, tive minha mãe e irmã de volta (que foram embora depois) e tive tantas experiências malucas e inusitadas. Um grande desafio de convivência e paciência.
Entre mortos e feridos, foi ótimo, apesar de querer chorar toda vez que vejo minhas coisinhas (meus livros, minhas fotos, minhas miniaturas) dentro de uma caixa.
Mas enfim, a décima mudança vem ai! E, curiosamente após tantas dores na coluna, esboço uma leve empolgação por uma casa ou apartamento novo. Mas com a empolgação vem o misto de tristeza, por “deixar” pessoas e alegria por ter novos companheiros de cotidiano.
Se alguém souber de algum lugar legal por até 450 R$, três quartos e boa localização e segurança, já sabe...
OPINIÃO: ERA UMA VEZ EM... HOLLYWOOD
Há 5 anos
Um comentário:
...9 vezes,interessantemente surpreendente!!
espero q sua nova empreitada seja repleta de sucesso!!
beijo moça talentosa!!
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