Já passou da hora né? O programa foi sexta-feira e eu apareço na terça para fazer meus comentários (críticos, claro, para não perder o hábito). O que me faz não desistir desse post retardado (no sentido de atraso!) são os elogios feitos por esse orkut abençoado ao Especial “Por toda minha vida” sobre Renato Russo . Já sei que gosto cada um tem o seu e nem todo mundo precisa gostar da mesma coisa (blá, blá, blá), mas eu achei de extremo mal gosto gostar de um “especial” assombrosamente ridículo e também de extremo mal gosto fazer um “especial” assombrosamente nada a ver com o homenageado.
Antes de começar a escrever digo que a intenção só pra mim não vale. Os detalhes são importantes e têm a capacidade devastadora de estragar não só a intenção como todo o resto que tentarem fazer no mesmo sentido em idéias posteriores. Vou olhar com meus olhos de desconfiança até me provarem ao contrário, até restabelecerem novamente o bom senso.
Então, esclarecido o meu jeito cri-cri e excessivamente self de assistir televisão, começo por partes minha análise "nada nada" intelectual e pela primeira parte (ou por todo resto) você deve pensar que até um pouco superficial. Ou muito, ou ter certeza.
Fernanda Lima é chatinha. Sem ter um porque convincente, nos instantes de entrevistas fizeram uns cortes rápidos com takes no rosto dela fazendo cara de conteúdo quando falavam da realidade social no Brasil na época quem que surgiram as bandas de rock do início da década, cara de compaixão quando a mãe, a irmã, os amigos, Dado e Bonfá contavam histórias com tons trágicos e cara de diversão quando o lance era a juventude desvairada e as suas aventuras dos tempos do Aborto Elétrico. Odeio caras e bocas. Se não tem o que contribuir faça suas perguntas e vá embora ou volte para as passarelas (nada contra modelos, inclusive tenho uma quedinha pela Gisele, ô mulher interessante!).
Tinha também uns cromaquis nas passagens dela, com imagens de cartões postais de Brasília e do Rio que só não perdia no ridículo para as roupas que ela usava de acordo com a moda de cada época. Que coisa bizarra. Não a idéia, o que eu assisti.
As encenações...ahhhh as encenações!!! Que lindas! Eu tenho certeza que a produção do programa tirou aquele povo de associações filantrópicas dos piores atores da TV brasileira. Embora eu não concorde que um Especial sobre a vida de alguém precise necessariamente de encenações, eu entendo que como foi produzido por um canal de TV acredita-se que para dar mais drama (mais!) à história de Renato e da Legião seja preciso colocar pessoas para reconstituir as vidas. O resultado foi uma mistura de Linha Direta com novela mexicana. Adicionaram uma babaquice incompreensível ao jovem Renato, uma melancolia teatral tão tosca que o drama virou comédia. Sorte que minha paixão pela Legião transcende todas as coisas.
O conteúdo (talvez isso justifique as caras de Fernanda Lima) dos entrevistados foi bem interessante. Assim com uns efeitos em computação gráfica como se fossem historinhas fazendo link com as músicas. Acho até que esse efeito poderia ter aparecido mais ou até tomar a parte humanamente (ou humanisticamente?) dramatizada.
Queria poder ter prestado menos atenção nas besteiras para apreciar (ou não apreciar) a história de uma maneira geral e sentir aquilo verdadeiramente como uma homenagem. Mas não deu.
Deixo aqui um recado (como se alguém fosse ler) do próprio Renato: “Faça do bom senso a nova ordem”.
OPINIÃO: ERA UMA VEZ EM... HOLLYWOOD
Há 5 anos
2 comentários:
O problema nao foi nem a Fernanda Lima ter feito aquelas caras e bocas durante as entrevistas, pq acho que muito entrevistador deve ficar sem saber que cara fazer e vai tentando dramatizar o discurso do entrevistado.
O problema é que alguem na produção achou por bem colocar as imagens na edição final, ou seja, tambem achando necessario que o que estava sendo dito fosse dramatizado, alem da propria encenaçao dos pessimos atores. É uma total falta de confiança na força dramatica que o entrevistado tem so de narrar eventos vividos por ele.
Esse povo nao vê filme de Eduardo Coutinho, nao? E olha que o cara passou anos dirigindo programas pro Globo Reporter... O "Por Toda a Minha Vida" parece ser feito por calouros de graduação.
Bjos.
Poxa, ou eu tô ficando mole ou você foi dura demais. Penso que Renato Russo era muuuito melancólico sim. Não conhecia a história pré-Legião, mas as músicas mais pra baixo que ele fez são muito autorais. "Eu deixo a onda me acertar", "Hoje fiquei com febre a tarde inteira", "Os bons morrem jovens", etc. etc. etc. E aquele negócio de meditar e tal, todo artista que eu conheço é assim, rsss. Nem vi as caras e bocas de Fernanda Lima, os entrevistados ofuscaram isso, para mim. Aliás, gosto mais de Fernanda do que de Gisele. E, nem tanto quanto na adolescência, ainda curto muito Legião. Claro, poderia ter sido melhor, mas não achei tão ruim assim não.
Bjos
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