segunda-feira, outubro 15, 2007

Come on baby, watch my car

Campanhas e mais campanhas em favor de maior prudência no trânsito. Blitz e mais blitz em feriados. Ligue a televisão e cada vez mais jovens sendo vítimas, cúmplices e culpados, de acidentes fatais de automóvel. Quando se tem notícia de que um conhecido de um conhecido morreu, pode prever que foi num desastre de carro em alguma dessas nossas estradas maravilhosas.

Embora os detrans, as secretarias de trânsito e outros órgãos do gênero tenham se esforçado, muito ou pouco, através de iniciativas de prevenção, educação e fiscalização, é dispensada pouca atenção a três pontos importantes que influenciam no modo precipitado em que os motoristas, em especial aqueles de vinte e poucos anos, se comportam no asfalto.

O primeiro deles é a idéia já fincada na nossa antropologia moderna capitalista de que o carro atribui poder ao ser humano. Isso faz parte da nossa cultura. O carro é símbolo de soberania social, de alta auto-estima, de moral, sendo que esse meio de transporte deveria ser encarado somente como um meio de transporte. Por isso, quando alguém vai comprar um carro, não quer compra-lo com os únicos recursos que precisa, quer algo mais além, que diferencie dos outros. Não essencialmente do ato da compra, quem tem um carro (não generalizando) quer a sensação de poder enquanto dirige. Este conceito, misturado com bebida alcoólica, drogas e qualquer “psico-problema” causador de impotência, é um agravante para quem põe o pé no acelerador.

Pegando carona (literalmente) na idéia acima, estão os comerciais das empresas fabricantes de automóveis. O segundo problema. As propagandas de televisão são irresponsáveis e apelam mesmo para a sensação de poder. Estão errados? Não sei, afinal cada um tem que defender o seu. O que é questionável é o modo em que os carros se movimentam em alta velocidade, quebram padrões, regras tudo para passar a idéia de atitude, adrenalina e independência, tão interessantes aos jovens.

Recentemente dois VTs me chamaram a atenção:
O do Vectra GT http://www.youtube.com/watch?v=qshGRuDfbFQ) , no qual o carro sai de uma das Linhas (vermelha ou amarela) para fugir do trânsito no Rio, escala prédios ao som de “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” e termina com a frase que resume tudo: “ou você anda na linha, ou você anda no novo Vectra GT”. O carro é lindo, o som é empolgante e o motorista é de tirar o fôlego, mas o trocadilho é irresponsável porque a palavra “linha” remete também a não seguir regras, normas que devem ser respeitadas por todos, do mais comum à metamorfose ambulante.

Considero até pior o da Peugeot 206 1.4 Flex (http://www.youtube.com/watch?v=ZdFq_7pRiQo) . Aparece um “cara de coitado” que não agüenta mais o barulho de buzina, “o motor não agüenta, todo mundo querendo me passar, o que eu faço?”, tampando os ouvidos de todas as maneiras. Logo depois entra a solução: “Aproveite a promoção Força Máxima” e aparece o carro correndo em uma rua vazia, onde não se tem nenhum outro carro para buzinar. A imprudência ai fica por conta da mensagem de que seu carro é 1.0 e está atrapalhando o trânsito por isso você não consegue andar rápido nas ruas. A culpa não é do grande fluxo de carros da cidade e nem do trânsito mal administrado, é sua, com esse carro lento. Compre um Peugeot e saia agora fazendo ultrapassagens. Posso estar exagerando, mas é assim que interpreto e é através de mensagens subliminares e indiretas que as idéias “colam”.

O outro ponto é (já me disseram que tem explicação, mas ainda não chegou a mim): porque os carros têm a opção de andar a mais de 100km/h se só é permitido 80km/h na maioria das estradas. Qual é a necessidade de andar tão rápido, uma vez que qualquer presa é menos importante do que a segurança e a vida das pessoas? Deve ter alguma explicação coerente. Se for algo com o motor, nenhuma tecnologia da mecânica pode rever isso? Esse ponto pode até ser inocente, no entanto não é lógico que se não tivesse a escolha de correr os índices de acidentes por alta velocidade diminuiria? (Ponto aberto a quem quiser esclarecer isso pra mim, já que eu não dirijo).

São diversas análises, estudos e comportamentos a serem analisados. O trânsito mata mais que o cigarro e as drogas. E não é tratado como algo em que todos os envolvidos tem suas parcelas de responsabilidade. Infelizmente.

3 comentários:

Shirley de Queiroz disse...

Mi, o problema - além de todos que vc citou - é a falta de educação. Mesmo qd o carro está a 20 por hora dentro da cidade, o povo não respeita. Ninguém respeita nada. Motoristas, motociclistas, pedestres, somos todos culpados.
Não sei se isso tem jeito. Tô 100% desanimada com a falta de educação do povo brasileiro...

Anônimo disse...

Olá. Mt prazer... Dando uma buscar por blogs interessantes achei o seu, q não é só mais uma vitrine com nada dentro, gostei mt das coisas q vc escreve. Qnt ao assunto postado acho q enquanto tiver dinheiro, comercialização e poder envolvido não haverá mudanças, o jeito é cada um fazer a sua parte no trânsito.
BJs

Alberto Pereira Jr. disse...

realmente a morte nas estradas, principalmente de jovens, é algo que acontece cada vez mais...

acho que é uma conjuntura de causas: falta de limite e respeito a lei, estradas esburacadas e mal conservadas, impetuosidade e pressa cotidiana.. triste.. muito triste.