“Chegamos à reta final de mais uma eleição”. Da mesma forma que começa o texto de quase todos os programas eleitorais e manchetes de telejornal, estoy aqui para dar minha opinião sobre a propaganda dos nossos candidatos ao cargo de prefeito.
Poderia me gabar dizendo que assisti quase a todos os programas eleitorais das segundas, quartas e sextas. Mas não sei até que ponto isso seria bom, já que esse momento em frente à TV serve tanto para simpatizar com alguma proposta como ficar com raiva eternamente da cara do candidato.
Faço agora um resumo (afinal textos muito longos não combinam com blogs práticos) com uma perspectiva de eleitora enjoada e crítica.
Guilherme Menezes PT (PV/ PCdoB/ PSB/ PSDC/ PTdoB)
Vice: Ricardo Marques
Conquista sabe o que quer
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Com o mote "Conquista Sabe O Que Quer", Guilherme usou as armas que tinha: falar da Conquista e das conquistas do passado. Com a melhor estrutura física, de equipamentos e produção a propaganda do PT no sentido qualidade técnica e textual foi a melhor, obviamente porque foi a que teve mais recursos e experiência para saber o que fazer com estes.
Na maioria dos programas teve uma sessão “nostalgia”, mostrando o Município antes do governo PT e depois, com entrevistas com a população falando “ontem era assim e hoje é assado”. Em estúdio, entrevistas super produzidas com secretários, coordenadores de projetos da Prefeitura, professores, médicos e pessoas de “renome” na cidade que trabalham ou dependem da Prefeitura de alguma forma e deram uma “palhinha” nos programas.
Poderíamos resumir a campanha de Guilherme em uma só coisa: UTI Neo Natal. A única do interior da Bahia e mega explorada nas propagandas do candidato “viajante”, como os adversários o adjetivaram. O que é realmente um motivo de orgulho se transformou na maior fachada de propaganda, muitas vezes. E logo em seguida nas paradas de sucesso do PT vieram os prêmios conquistados com Guilherme e Zé Raimundo, o Município Amigo da Criança, por exemplo, e os projetos sociais como o Recicla Conquista, Conquista Criança, o Natal da Cidade e outros. Poucas propostas inéditas de fato foram apresentadas, a campanha foi pautada sob o juramento de dar continuidade ao o que já temos hoje.
Muitas “matérias” falavam sobre as conquistas que “só foram possíveis” porque “temos um presidente do mesmo partido, assim como agora as esperanças se renovam ainda mais com o Governo do Estado”. Diversas vezes pareceu que se a cidade não tiver um prefeito do mesmo grupo, nada ia dar certo nos próximos 4 anos. Inclusive, muitos projetos federais e estaduais foram mostrados direcionando o crédito deste para o governo municipal.
Como defesa das acusações de “viajante” que recebeu, Guilherme dizia que havia sido eleito deputado para trazer melhorias para cidade e que foi porque a população conquistense o elegeu. O que não deixa de ser verdade, mas a justificativa não parece ter “colado” muito.
Aos debates, o deputado, como já era esperado, não apareceu. Dizem que ele é tímido (?). Não sei. E também foi a poucas caminhadas e passeatas afins. Dizem que pegar na mão do povo não é o forte dele. Não sei. Deve ser por isso que tem pouca expressão na periferia e na zona rural.
Agora quase no final, aconteceu um comício pomposo com a presença de Jacques Wagner. O governador disse num discurso inflamado que se votasse em Conquista o voto era certo de Guilherme. Mas ele não vota. E Guilherme num discurso menos caloroso disse: “Governador, Vitória da Conquista tem um povo que comparece às discussões políticas”, ou algo parecido. Faltou continuar: “um hábito que eu mesmo não tenho”.
Herzem Gusmão PSDB (PTB/ PHS/ PPS)
Vice: Marco Antônio Veloso
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A favor de Conquista 
O “jornalista” e radialista Herzem Gusmão teve uma campanha criativa. Com alguns diferenciais que elevaram a propaganda do candidato a uma das mais atraentes aos olhos dos eleitores, sempre brincando com metáforas e dando um up teatral nas inserções dos comerciais.
“Abandono” foi a palavra de ordem desta campanha que foi composta alguns repórteres e produtores “fruto” do curso de jornalismo da Uesb. Por isso, muitas “matérias” tinham o conteúdo de denúncia e por vezes documental. Focando na “revolta” de um povo que, em palavras usadas nas propagandas, teve o seu “voto jogado no lixo” já que votou em um prefeito que governou a Prefeitura “pela metade”. Então, os programas de Hérzem mostraram muito mais as periferias e a zona rural, onde os problemas sobre as necessidades básicas estão mais explícitos, mais crus, como a falta de emprego, saneamento básico, calçamentos e etc.
São nos lugares mais afastados do centro da cidade que Herzem Gusmão conquistou mais credibilidade com o seu programa de rádio Resenha Geral. Um programa que diz ser de utilidade pública, denunciando as injustiças desse mundo de uma forma deveras sensacionalista pra um povo carente de informação. Se a ética na profissão já é algo muito discutido, avaliando o Resenha Geral este conceito fica ainda muito mais difícil de ser definido. Isso porque não é segredo para ninguém que o que “paga” o seu programa são os patrocínios e através do “investimento” aplicado se define o quanto a sardinha vai ser puxada. Isto aconteceu durante muito tempo com a própria Prefeitura. Inclusive apareceu misteriosamente pelos e-mails da vida um desses momentos no Programa Resenha Geral:
E abusando desta sua credibilidade, Herzem Gusmão falou muitas vezes: “o povo já me conhece, sempre estive preocupado com o nosso Município” ou “sou o único candidato a apresentar propostas concretas”.
As propostas em geral são coerentes, providas da interpretação dos maiores anseios dos conquistenses (com exceção de algumas poucas que qualquer um é capaz de discernir se é possível realizar). O que me faz acreditar que apresentar propostas passa longe de ser o suficiente. Uma das propostas de Herzem Gusmão que mais me chamou foi a criação da “terceira empresa de ônibus coletivo” como uma das soluções para sanar o problema de trânsito e precariedade do transporte coletivo no Município. Não consegui enxergar a viabilidade do Projeto. Bastante explorado também foi a redução de IPTU, proposta que “combina” com a situação atual de crescimento da construção civil em Conquista.
Desde o inicio as propagandas eleitorais assumiram um tom de agressividade moderada. Mas a “chapa” foi “esquentando” com o decorrer do tempo chegando a ficar uma coisa feia de se ver. Quase no final, Hérzem praticamente “dialogava” com os programas do PT, como “ação e reação”.
No programa final, o candidato do PSDB disse que de uma coisa o conquistense pode ter certeza: ele nunca abandonará a cidade e ainda afirmou ter feito uma campanha limpa e transparente, sem acusações.
Esmeraldino Correia - PDT (DEM/ PTN/ PR/ PTC/ PMDB/ PR/ PSC/ PPS)
Vice: Geraldo Botelho Por uma Conquista livre.12 
A campanha com menos recursos, foi a campanha com mais tempo de propaganda eleitoral. O que poderia ser algo positivo, “enforcou” a propaganda eleitoral do tenente- coronel do 9º Batalhão da Polícia Militar de Vitória da Conquista.
Há muito tempo Esmeraldino “cavava” essa candidatura. Foi um coronel popular, sempre presente na mídia. Por isso, um dos seus discursos favoritos foi “eu não sai do nada”, dizendo que ele mais que ninguém conhecia os problemas de cada canto da cidade por causa do trabalho realizado no Batalhão, juntamente com “a educação é nossa maior prioridade”.
A propaganda de Esmeraldino começou bastante solta, explicitamente perdida, sem direção e objetivos claros. Estava “na cara” (e eu sei disso) que todos que toparam fazer parte desta campanha eram bastante “verdes” em experiências de trabalhos com política. Então, a programa foi o mais amador dos três, chamando atenção muito mais pelo esforço do que pelo conteúdo.
Também tinha como produtores e repórteres muitos recém formados em jornalismo e o tom documental e menos “propaganda” das matérias imperou quase todo tempo. A estrutura física não foi das melhores e o cromaqui do estúdio era bem tosco. Esmerldino dava seu parecer em ambientes diferenciados, na biblioteca, ao ar livre, em casa.... Iniciativa bastante criativa que deu mais versatilidade e “enquadrou” menos o candidato. As apresentadoras sem experiência foram se soltando com o decorrer do tempo.
Ainda no inicio, talvez pela necessidade de mostrar que por trás do candidato havia apoiadores de peso ou então pela falta de idéia melhor, foram veiculadas nas inserções comerciais a foto de algum político, o nome e “apoio de fulano de tal, Esmeraldino tem”.
Mas ainda faltava algo pra fazer a campanha de Esmeraldino ter um diferencial e chamar atenção. Foi quando Carlos Lupi, o Ministro do Trabalho e Emprego, veio à cidade e num discurso soltou a célebre frase “E conquista já decidiu, é 12, é 12, é 12, é 12”. Repetição que já era de uso do PT, mas que não tinha feito tanto sucesso.
O boom de Carlos Lupi produziu uma conseqüente lavagem cerebral do 12. Milhares de pessoas aparecem na propaganda eleitoral repetindo “é 12” infinitas vezes. Pronto, achou-se um ponto de partida, mesmo que de gosto duvidoso e, e abusou-se dele.
E funcionou e muito. Levando a sério ou não, o 12 virou febre e eu vi até crianças cantarolando na rua a música do 12.
O problema e a solução é que o programa do PDT tinha muito tempo disponível. As vezes, ficava muito chato todas as repetições mas por ela foi possível enfatizar o 12 muitas vezes, pelas entrevistas, vinhetas, computação gráfica... 12 pra todo gosto.
Apesar de tudo isso, a campanha de Esmeraldino foi a mais “limpa”, inclusive algumas vezes admitiram nos programas que trabalhavam com poucos recursos e não tinham a pompa das outras propagandas.
Esmeraldino só quis dizer que é o melhor pra Conquista e que é bonzinho. Esqueceram de avisar que na política não é bem assim que a carruagem anda. Infelizmente.
Eraldo Novais – P
SOLO PSOL só chegou até a metade da campanha eleitoral A candidatura do vice Detão foi impugnada. Enquanto eles ainda achavam que poderiam se eleger, fizeram toda propaganda eleitoral com apenas um vídeo, que mesclava imagens de caminhadas do PSOL com Heloisa Helena a frente e bandeiras socialistas erguidas. Depois entravam os dois candidatos falando sobre igualdade e todos os outros princípios do comunismo tão distantes da nossa realidade. As vezes pareciam integrantes do movimento estudantil dos anos 60.
Mas o interessante era que parecia um vídeo da Al Jazira feito com webcam. Mas se houvesse uma produção a mais poderia parecer um produto capitalista. Afinal, pra que tanta coisa se o proposto era o desprendimento do material? Fez sentido e foi até coerente.
Mas só valeu realmente a intenção, porque deram bye bye mais cedo que os outros.
No geral, foram dias muito tranqüilos em Vitória da Conquista. E todos queriam que o melhor vencesse, mas quem sempre vence é quem tem mais votos.