terça-feira, outubro 21, 2008

O Rappa - a trajetória pelo olhar de uma fã


O Rappa é uma das poucas bandas, se não for a única, que eu consegui durante esses anos acompanhar sua trajetória. Desde o primeiro e quase desconhecido álbum que leva o nome "O Rappa", eu sou fã de carteirinha dessa banda que sempre carregou nas letras, simplificando de forma até injusta, a temática social e religiosa (ou de fé, melhor dizendo).

No inicio, O Rappa era apenas para alguns poucos fãs de reggae ou rap que gostavam de cantar a periferia e os “menos favorecidos”. Muito antes de Falcão se transformar em sex symbol e da polêmica saída de Marcelo Yuka, que era responsável por boa parte das letras e canções, O Rappa sempre teve um espaço reservado com muito carinho na minha hit parade pessoal. Antes mesmo de se ser vista como uma banda de adolescentes (no sentido pejorativo. Um erro visto que as letras são deveras profundas e bem construídas), estava lá eu sempre esperando pelo novo trabalho dos cariocas.

Agora, O Rappa lança o "7 vezes", o sétimo álbum da banda que segue firme em seu propósito inicial, mas com o amuderecimento já conquistado no álbum anterior, sem muito alarde, sem muito holofote... apenas O Rappa que eu sempre gostei de ouvir.

Roubei esse pedacinho na internet: “O grito "olha o rapa!" significa ruas vazia e gente correndo. Nem poderia ser diferente. Na gíria popular, rapa é o caçador de camelôs, o inimigo número um da economia informal, atuante em travessas, esquinas e avenidas.
Porém, uma singela variação desse sinal de alerta — "olha O Rappa!" já quer dizer pistas cheias e gente dançando. Com um "p" a mais e usando as calçadas como fonte de inspiração, O Rappa faz apenas contrabando de idéias.”

O Rappa hoje é formado por Falcão, Xandão, Lauro Farias e Marcelo Lobato.

Para homenagear O Rappa, que surgiu em 93, “àss pressas”, na intenção de formar uma banda para acompanhar Papa Winnie numa turnê no Brasil, fiz um breve comentário sobre os sete álbuns.

O Rappa – 1994



O primeirão do Rappa é o que traz de forma mais crua a temática religiosa, de forma clara fala sobre macumba, “trabalhos”, e sobre a vida no pobre da favela. Talvez pela “secura” o cd não tenha feito tanto sucesso para um público maior. Para ser digerido é mesmo difícil. Hoje, quem conhece esse primeiro cd depois de ter ouvido as músicas mais atuais vai achar que nem é a mesma banda.
Tem músicas deliciosas no O Rappa como Coincidências e paixões e Brixton,Bronx ou Baixada. E também canções fortes como Todo camburão tem um pouco de navio negreiro.


Rappa Mundi – 1996

O álbum que projetou a banda inicialmente com a música Miséria S.A. A diferença entre esse e o primeiro é enorme nos quesitos qualidade técnica e melódica. O Rappa Mundi vem trabalhado com muito mais profissionalismo (produzido por Liminha) e demonstra agora pretensões de conquistar seu espaço no cenário musical. E consegue, de fato, ficar lado a lado com o Cidade Negra que já de antes se apresentava e consolidava naquele momento como uma referência do pop reggae. Este álbum traz Hey Joe, a forte versão brazuca da música de Jimi Hendrix com a participação de outros nomes que surgem como o Planet Hemp. Tem Vapor Barato, A Feira e Pescador de Ilusões, que virou quase um hino depois do Ao Vivo. As animadas Tumulto e Eu quero ver Gol foram durante muito tempo as mais “loucas” no show.

Lado B, Lado A – 2000

O Rappa já tinha caido na aprovação geral, quando lançou Minha Alma foi só correr pro abraço. Lado B, Lado A mostrou o crescimento progressivo da banda e nada de abandonar as raízes. Nesse cd, as músicas falam muito mais da favela, do cotidiano do trabalhador pobre e da vida de quem convive no trafico, não importa se no lado B ou A da pista de dança. A intensidade só aumenta. É um álbum que inicia, ao meu ver, letras que precisam ser mais mastigadas, analisadas palavra por palavra para gozar da poesia por entrelinhas.
Além de Minha Alma, tem Me deixa, o Homem Amarelo... e destaco a que eu mais gosto de toda história da banda: Na palma da mão.
Até pro Faustão a banda foi... mas suspeito que muita gente não sabe o que canta.

Instinto Coletivo Ao Vivo- 2002

Agora, que O Rappa já acumulou alguns hits chegou a hora de lançar o Ao Vivo. Um cd duplo também com músicas inéditas que transportou em álbum musical toda adrenalina dos shows. Caiu de vez no gosto da meninada com as frases de efeito, o gingado e o “rock and roll” pesados da guitarra. E muitos, muitos samplers. O Rappa aí já estava sem Marcelo Yuka...






O silêncio que precede o esporro – 2003

Quem é fã, sabe. Este foi o álbum esperado com grande tensão. A saída de Yuka foi polêmica e houve quem apostasse pra ver a banda “sobreviver bem” sem ele. Foi quando veio o esporro tão bem dado que quebrou o silêncio de toda a expectativa. Teve gente que disse até que era o ápice do amadurecimento (o que a gente só pode saber depois de outros álbuns lançados). O fato é que na minha opinião é realmente o melhor de todos. Claro que cada um teve seu tempo e sua história, as músicas deste álbum são, avaliando o conjunto da obra, as mais fortes. Falcão recebe destaque maior, sua voz é mais explorada em todas as canções e fica claro que a liderança do O Rappa estava em mãos muito competentes.
Mar de gente, Rodo Cotidiano e Reza Vela viraram hits facilmente, com a ajuda da MTV e das rádios que repetiam incansavelmente os clipes. Trabalho de MKT ou anseio de fãs? Não sei. O fato é que derramei muitas lágrimas ouvindo O Salto.


Acústico MTV – 2005

Seguindo a tendência dos acústicos, cheio de músicas transformados em baladinhas e quase nada inédito.










7 vezes – 2008

Quase cabalístico, o sétimo álbum chamado 7X tem 14 músicas. A última inclusive com o nome do cd e pode extrair daí qual o sentimento da banda com relação a esse momento meio que propositalmente místico (pelo menos eu tenho essa sensação). A marca da banda continua a mesma, o visual, os temas...seguindo as raízes e introduzindo novas idéias. O 7X é um álbum sem muitas surpresas pra mim, não achei que superou o anterior de inéditas e nem penso que se inicia ai uma estagnação provável. Achei muito bonito, mas nada que me chamasse atenção além da que eu já desprendo naturalmente pelos trabalhos da banda. Talvez ainda esteja entrando na pele a proposta do 7X.
O single escolhido foi a música “Mostro Invisível” que ainda estou fantasiando interpretações mil pra ela. Destaque para Em busca do porrão, Meu mundo é o Barro e Fininho da Vida. Uma versão de Súplica Cearense, de Luiz Gonzaga, lindíssima.

Fui na última terça-feira (dia 14) num show do Rappa em Porto Seguro. Com a experiência que quem já foi em 5 shows da banda, digo com certeza: a performance ao vivo no palco precisa ser revista urgentemente. Ta ficando chato o mesmo tipo de show sempre...

É isso.

; )

6 comentários:

descolonizado disse...

[a d o r o]
houve uma época que eu só ouvia o rappa, depois fui deixando, deixando, deixando, mas ainda estão lá nos meus cds de backup as mp3s deles... por vezes pego e passo o dia inteiro ouvindo... = )

GORDURINHA NETO disse...

oi sou neto de gordurinha que compos suplica cearense com nelinho,por tanto deixo aqui minha indgnacao pois todos estao falando que essa musica e de luiz gonzaga que o rappa gravou,temos de dar mais valor aos nosssos compositores,deixo aqui meu protesto

.: R u U u U u :. disse...

Olá... vc disse que viu cinco shows do Rappa? Mas isso em 2008 ou desde que vc passou a curtir os caras!? Bom eu acho q ñ deve mudar em nada... esse eh estilo dos caras, essa eh a performance deles no palco, acho q se mudar pode perder a magia no palco. Vc enjoou do show dos caras?

Abs!

.: R u U u U u :. disse...

Gostei d+++++ do seu blog. Muito bacana!

Unknown disse...

os caras são só atitude sangue na vei e nos só quem curti

Leandrop_orappa disse...

Olha realmente sua visão como fã e respeitável e seu texto está muito interessante, mas existe pontos questionáveis, principalmente em relação a performance dos caras no palco, já fui a 12 shows dos caras e na minha opinião: cada show, É O SHOW !!!

HUMILDADE SEMPRE